O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, entregou à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) nesta sexta-feira 12, em São Paulo, a pauta de reivindicações da Campanha Nacional 2011, aprovada pela 13ª Conferência Nacional, realizada entre 29 e 31 de julho.
Ao entregar a pauta de reivindicações ao novo presidente da Fenaban, Murilo Portugal (estavam na mesa representantes do Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC), o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, lembrou o momento positivo que o Brasil vive, com crescimento econômico, reconhecimento internacional e se transformando na sétima maior economia mundial. "Mas infelizmente o país está ainda entre as dez piores distribuições de renda do mundo. O sistema financeiro, que continua lucrando como nunca, precisa ajudar o país a transformar o crescimento econômico em desenvolvimento, com distribuição de renda", enfatizou Carlos Cordeiro.
Emprego decente
Por isso, informou o presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional, os bancários estão incluindo na Campanha Nacional deste ano o conceito de emprego decente, elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e assumido pela CUT como bandeira central de luta em 2011.
"O emprego decente que queremos ter dentro dos bancos envolve várias dimensões, entre elas a de garantia no emprego, remuneração digna, sem discriminações de nenhum tipo, condições de trabalho decente, fim do assédio moral e das metas abusivas – que é um problema tanto dos bancos públicos como privados -, aposentadoria decente e mais segurança nas agências", disse Carlos Cordeiro.
"Precisamos acabar com a alta rotatividade nos bancos, que é uma coisa, como a jabuticaba, só existe no Brasil. Infelizmente, os bancos internacionais só praticam a alta rotatividade aqui, e não nos outros países vizinhos onde atuam", criticou o presidente da Contraf-CUT.
"Queremos uma remuneração decente, continuar na valorização do piso, no aumento real, na melhor distribuição da PLR, sem discriminação contra mulheres, que ganham 24% menos que os homens, contra negros, contra pessoas com deficiência", acrescentou Cordeiro. "A amplitude entre o maior e o menor salário nos bancos no Brasil é muito maior que nos outros países, como disseram os especialistas no seminário que a própria Fenaban organizou. Precisamos reduzir essa concentração de renda."
Sistema financeiro decente
O Comando Nacional também informou a Fenaban que a pauta de reivindicações deste ano inclui também o conceito de inclusão bancária, que é o direito de toda a população brasileira ter conta bancária e ter atendimento decente, feito em agências e postos de atendimento, com assessoria financeira, sigilo de dados e segurança.
"Estamos levando à presidenta Dilma Roussef a convocação de uma Conferência Nacional para discutir com toda a sociedade brasileira o sistema financeiro que o Brasil quer e precisa para alavancar o desenvolvimento econômico e social", disse Carlos Cordeiro. "Dentro desse debate, queremos discutir os correspondentes bancários, que achamos que é um instrumento para segregar e excluir os mais pobres e precarizar as relações de trabalho. Se o Brasil quer ser grande, precisa ter um sistema financeiro diferente, com as pessoas em primeiro lugar."
Venda ética de serviços bancários
Além da pauta de reivindicações, o Comando Nacional também entregou à Fenaban a carta aprovada pelo Comitê Diretivo da UNI Finanças durante reunião realizada em Copenhague, na Dinamarca, em junho de 2010, que defende a venda ética de produtos e serviços bancários e a orientação adequada aos clientes sobre as melhores opções para fazer investimentos.
A Declaração sobre a Venda Responsável de Produtos Financeiros prevê, entre outros itens, o fim das metas abusivas e a garantia de uma "cultura interna de negócios e procedimentos operacionais que conduzam à venda responsável de produtos".
"Os bancários querem acabar com as pressões que sofrem nos bancos, com remuneração vinculada a metas abusivas e assédio moral, para vender a qualquer custo", afirma Carlos Cordeiro, que também é presidente da UNI Américas Finanças. "Queremos oferecer aos clientes um atendimento ético, esclarecendo as pessoas sobre os serviços, taxas de juros e tarifas de forma clara e transparente, e garantir que esses serviços atendam de fato às necessidades de cada cliente. Queremos acabar com procedimentos como a venda casada, que os bancos pressionam os trabalhadores a realizar."
Principais reivindicações
Reajuste Salarial
12,8% (5% de aumento real mais a inflação projetada de 7,5%)
PLR – Participação nos Lucros e Resultados
Três salários mais R$ 4.500
Pisos
Portaria – R$ 1.608,26
Escritório – R$ 2.297,51
Caixa – R$ 3.101,64
1º Comissionado – R$ 3.905,77
1º Gerente – R$ 5.169,40
Vales Alimentação e Refeição e auxílio-creche/babá
Salário Mínimo Nacional – R$ 545
PCCS – Plano de Cargos, Carreiras e Salários
Para todos os bancários
Auxílio-educação
Pagamento para graduação e pós
Emprego
Ampliação das contratações
Fim da rotatividade
Combate às terceirizações
Garantia contra dispensas imotivadas (Convenção 158 da OIT)
Banco para todos, sem precarização
Outras prioridades
Cumprimento da jornada de 6 horas
Fim das metas abusivas
Combate ao assédio moral e à violência organizacional
Segurança contra assaltos e adicional de 30% de risco de morte
Previdência complementar para todos os trabalhadores
Contratação da remuneração total
Igualdade de oportunidades
Fonte: Contraf-CUT