Estudo será feito em parceria com a Unicamp e terá questionário online

O Comando Nacional d@s Bancári@s lançou nesta quarta-feira (7) uma pesquisa a ser feita em parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp) sobre as sequelas da Covid-19 na categoria bancária. A pesquisa será respondida por bancários já acometidos pela doença e que em um questionário online descreverão sintomas e outros efeitos que tenham permanecido após a cura.

“A pesquisa é importante para sabermos como a Covid-19 afeta a categoria, mas também para fazer negociação com os bancos. No ano passado, fizemos negociação sobre teletrabalho a partir de uma pesquisa, que foi muito importante nas negociações”, explicou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, coordenadora do Comando Nacional. A pesquisa a ser feita pela Unicamp visa mapear a saúde do trabalhador e vai dar elementos para pensar a política de saúde para a categoria e a população. Os dados fornecidos pelos entrevistados serão todos protegidos.

Dez minutos

A pesquisa vai focar na categoria bancária, com um questionário que leva em média 10 minutos para ser respondido. “As pesquisas da Unicamp mostraram que há muitas sequelas. Mesmo nos casos leves, houve registro de sequelas cognitivas, cardíacas, renais. Isso está sendo estudado no mundo todo e vai impactar nas políticas públicas, na sociedade. Temos colegas que estão voltando a trabalhar sem as condições adequadas e com sequelas, que podem gerar problemas no trabalho”, alerta o secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Mauro Salles.

O bancário que responderá o questionário da pesquisa terá a segurança de que informações pessoais serão preservadas. Somente dados totalizados é que serão divulgados. Basicamente serão levantados sintomas tanto na fase mais branda da doença como na mais rigorosa. Bancários que foram acometidos duas vezes pela Covid-19 também terão algumas perguntas para responder.

“A pesquisa é importante para a gente negociar. Vamos pedir esse empenho aos sindicatos. É mais uma fase na luta pela proteção da categoria bancária. A gente conta que bancárias e bancários procurem seus sindicatos para responder essa pesquisa. Eles autorizam a divulgação dos dados gerais. A proteção da identificação está garantida. A gente espera apresentar essa pesquisa na Conferência Nacional da nossa categoria. Vai ser um marco porque a partir da conferência, teremos a mesa de negociação”, afirma Juvandia Moreira.

Proteção da categoria

“É bom lembrar que as pessoas poderiam estar todas vacinadas nesse momento. Mas agora é o momento de pensar que na nossa categoria várias pessoas vão ter sequelas. É importante fazer essa reflexão, além de tudo que temos feito. O estudo sobre a Covid-19 e a proteção da categoria é o mais importante”, destaca Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e também coordenadora do Comando Nacional d@s Bancári@s.

Para Hermelino Neto, presidente da Federação dos Bancários dos Estados da Bahia e Sergipe, a pesquisa é mais uma batalha a ser travada pela categoria contra a pandemia. “A gente tem que continuar e a nossa luta desde o ano passado foi justamente para garantir a vida, proteger a categoria bancária. Fizemos esse movimento e não medimos esforços para isso”, disse.

Perdas

Na abertura da reunião do Comando Nacional, Juvandia Moreira lembrou as perdas de dirigentes importantes da categoria, vítimas da Covid-19. Citou os óbitos do presidente do Sindicato dos Bancários de Rondônia, José Pinheiro de Oliveira, ocorrido em abril deste ano; de Jacir Zimmer, coordenador da Federação Estadual dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Santa Catarina (Fetrafi/SC), ocorrida no início de junho, e de Jeferson Boava, presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb SP/MS), ocorrida no final do mesmo mês.

O secretário geral da Feeb SP/MS, Reginaldo Lourenço Breda, falou em nome da entidade e lembrou a morte de Jeferson Boava. “Agradecemos as homenagens de sindicatos de todo o Brasil que fizeram para o companheiro Jeferson e os outros companheiros. A gente está trabalhando forte e para chegar em um resultado que organizamos há um ano. Quero enaltecer o trabalho do Comando Nacional por incluir os bancários no Plano Nacional de Imunização (PNI). Mas é uma etapa e temos que convencer governadores e prefeitos para termos a vacina no braço. Tivemos semanas tristes, mas essa vitória do movimento sindical e também com a ida do povo para a rua, enaltece o trabalho das centrais, dos sindicatos e partidos políticos para que o povo enxergue o presidente que ri da cara de todo mundo e só pensa em fazer campanha eleitoral”, criticou Breda.

Salvar vidas

Para o diretor da Federação dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES), Carlos Pereira Araújo, foi importante ressalta o papel do Comando Nacional que buscou o tempo todo negociações para melhorar as condições de trabalho da categoria durante a pandemia. “O Comando Nacional operou dentro do possível e conseguiu salvar vidas. Mas infelizmente morreram muitos colegas. Há uma crise do sistema, há uma crise estrutural, que impacta mais no Brasil pelo perfil do governo. O governo Bolsonaro é expressão da elite, um setor atrasado que tem ranço escravagista, machista e homofóbico”, afirmou.

A importância da pesquisa também foi destacada por Max Bezerra, secretário-geral da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES). “A imunização para a categoria é uma grande vitória. Nossa luta continua. Temos que continuar com a política de protocolos nos bancos. O novo coronavírus, diferente da gripe, tem ainda desconhecidos seus reflexos futuros. E a pesquisa vai mostrar quais são esses vários reflexos, as sequelas”, destacou.

Unidade

“Devemos manter a unidade no debate pela vacinação. Só conseguimos isso graças à existência desse Comando Nacional e da Contraf-CUT. Temos que pautar de forma coletiva esse processo de pressão para os governantes dos municípios e dos estados efetivem a vacinação”, ressaltou Marco Silvano, representante da Federação dos Trabalhadores em Instituições Financeiras de Santa Catarina (Fetrafi/SC).

Ivone Colombo da Silva, atual presidenta do sindicato dos Bancários de Rondônia, deu um testemunho sobre seu adoecimento pela Covid-19. “Fiquei 30 dias intubada. Falar do Bolsonaro me dá náuseas. Com minhas dificuldades, estou tentando resolver essa questão de vacina. Nossa maior luta em Rondônia é vacinação, porque ainda estamos perdendo colegas. O Pinheiro morreu com 53 anos. Estava fazendo faculdade de Direito. É lamentável”, disse Ivone ao se referir ao dirigente sindical vítima da Covid-19.

Kleytton Guimarães Morais, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, destacou a importância de a categoria conseguir ser incluída como prioridade na vacinação. “É uma vitória que reestabelece a justiça. Nossa categoria foi injustiçada por conta da postura do governo Bolsonaro e da desconstrução do Ministério da Saúde, que arrebentou com todas as estruturas de governança, que tinham participação popular nos serviços de saúde do Brasil. Por isso não fomos priorizados. Lamentamos o que essa injustiça tenha gerado“, afirmou.

Fonte: Contraf-CUT