Crédito: Jailton Garcia
Carlos Eduardo Bezerra, presidente do Sindicato do Ceará
Rede de Comunicação dos Bancários
O 23º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, realizado em Guarulhos dias 16 e 17 de junho, aprovou na plenária final realizada neste domingo a moção pelo trabalho decente e contra o assédio moral.
Os bancários ainda cobram o fim da imposição das metas abusivas e destacam a dificuldade de cumprir as metas exigidas pelo próprio BB devido à política de restrição de crédito e não aprovação das propostas encaminhadas. "Que no BB os ambientes sejam saudáveis e que a empresa efetive políticas de promoção de saúde e qualidade de vida", consta o documento.
Confira a íntegra da moção pelo trabalho decente e contra o assédio moral:
Pelo resgate do papel de banco público do BB. Pela dignidade e valorização do funcionalismo e a implementação do Trabalho Decente. Pelo fim do assédio moral na cobrança de metas abusivas e nas relações de trabalho.
Nós, delegados e delegadas reunidos no 23º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, realizado na cidade de Guarulhos/SP, nos dias 16 e 17 de julho de 2012, vimos manifestar nosso repúdio a todo e qualquer ato discriminatório de perseguição e punição aos colegas motivados pela cobrança de resultados.
O fenômeno do assédio moral atinge a todos indistintamente. No médio e longo prazos acabam por impactar a performance da própria empresa. Não é possível manter a política da pressão institucionalizada por muito tempo, sem que isso acarrete graves danos ao funcionalismo.
Quanto aos funcionários, os prejuízos são imediatos e alguns de ordem irreparável. Além de financeiros, com a perda da comissão de função, muitas vezes ficam "feridas" no corpo e na alma.
Essa prática precisa ser duramente denunciada e combatida no BB, porque está além de atos isolados praticados por alguns gestores da empresa, como o banco tenta caracterizar. Trata-se de prática estrutural do BB, ou pior, estruturante da filosofia de atuação da empresa no tocante à exigência de produção e apresentação de resultados, em razão da sanha em disputar o mercado nacional, tendo como paradigma o modelo de gestão e a concorrência com a banca privada.
Caso recente praticado pela Superintendência Estadual do Ceará tipifica muito bem essa filosofia. Após o cumprimento das metas do mês, houve ameaça de punir gerentes com a retirada da comissão de função pelo não cumprimento de um subitem (financiamento a veículos), dando-se prazo de uma semana para isso. Tentativa flagrante de passar por cima do Acordo Coletivo de Trabalho, que exige no mínimo três avaliações negativas consecutivas na GDP para o descomissionamento. Isso é inadmissível. Querer punir, caracterizando como insubordinação, e afirmar que trata-se de ato de gestão é mais grave ainda. Se a moda pegar, todas as nossas contratações com a empresa passarão a ser submetidas à instabilidade. É uma quebra de contrato que nem mesmo os banqueiros privados ousam fazer.
Nossos 114 mil colegas estão cada vez mais, em nome dessa política, submetidos a todo tipo de aviltamento. Hoje já são pessoalmente penalizados e processados judicialmente quando o BB erra ou não garante condições adequadas de atendimento aos clientes. Ou seja, com essa estrutura de negócios, o risco foi terceirizado pelo banco para seus 110 mil funcionários.
Por isso devemos dar um basta a essa situação e exigir que o BB cumpra os princípios constitucionais do trabalho, como seu valor social e o da dignidade humana.
Além disso, que retome seu papel social enquanto maior banco público do Brasil e se paute pela ética na venda de produtos e serviços, como já implementado em alguns países europeus.
Não à responsabilização e criminalização de seus profissionais quando o erro é da empresa Banco do Brasil;
Não à imposição de metas abusivas e a dificuldade de seu cumprimento pelo próprio BB, ao restringir sua política de crédito e não aprovar as propostas encaminhadas;
Que no BB os ambientes sejam saudáveis e que a empresa efetive políticas de promoção de saúde e qualidade de vida;
Pela valorização de seu quadro funcional, revendo e estabelecendo nosso PCCS, que traga a dignidade de volta às pessoas, fazendo com que ninguém seja mais refém de sua função e por conta dela seja obrigado a se submeter a situações degradantes para manter essa função;
Que sejam, enfim, implementados todos os requisitos do Trabalho Decente e tenha fim o assédio moral e as metas abusivas.
Sindicato dos Bancários do Ceará