De acordo com os representantes da empresa, as demissões ocorreram em razão de reestruturações internas na BV, devido principalmente à centralização das plataformas de crédito na cidade de São Paulo , com o fechamento de diversas unidades e o aumento da inadimplência que impactou sobremaneira os resultados da BV Financeira, provocando um prejuízo de R$ 656 milhões em 2011.
Diante dessa realidade, quem não teve o perfil avaliado com possibilidade de reaproveitamento ou não se disponibilizou a transferências foi desligado, argumentou a financeira. A área de negócios relacionada ao financiamento às concessionárias apresentou maior problema e foi praticamente extinta. O foco do negócio da empresa continuará sendo o multimarcas (financiamento para veículos usados).
Outras medidas, além da centralização da mesa de crédito em São Paulo, a concentração de diversos setores e atividades no novo endereço da Avenida Paulista, reduzindo despesas fixas da financeira, como aluguéis, internamente o esforço é pelo aprimoramento dos processos de análise de crédito, com contratação de pessoal em São Paulo.
Segundo informações apresentadas pela empresa, o novo presidente da BV, João Teixeira, busca uma mudança na cultura organizacional neste primeiro momento, mas que possui plena convicção de que a BV, já em 2013, deve voltar a expandir seus negócios. Os representantes da financeira enfatizaram que o momento agora é de focar a qualidade do crédito e não aumentar o seu volume.
Olho vivo
A BV garantiu que as demissões oriundas dessas mudanças já foram efetivadas e futuros desligamentos estarão vinculados ao "turn over" da empresa ou a avaliação de performance profissional.
"Orientamos que os sindicatos continuem vigilantes e, principalmente, acompanhem os trabalhos da BV para que não haja abuso na exigência do cumprimento dos resultados e para que as atividades não sejam terceirizadas. Precisamos desta fiscalização para garantir que o que foi afirmado pela BV hoje ao movimento sindical ocorra de fato. Ou seja, para que não tenhamos mais demissão em massa, para que os serviços não sejam terceirizados e que não ocorra a prática de assédio moral", alerta Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.
Durante a reunião, os dirigentes sindicais foram enfáticos ao dizerem que não admitirão a substituição do pessoal demitido por modelos de terceirização, seja por meio da contratação indireta de trabalhadores, de empresas ou correspondentes bancários. "A BV garantiu que não se trata disso e que a empresa tem consciência dos problemas advindos com este tipo de terceirização, que a expõe inclusive a futuros passivos trabalhistas", informa Miguel.
PLR
Com o prejuízo apresentado de R$ 656 milhões, a diretoria da BV decidiu estender o pagamento do programa próprio de remuneração variável aos trabalhadores da área administrativa, uma vez que o pessoal da área de vendas já tinha assegurado esse direito por possuir a remuneração vinculada a resultados, informou a financeira.
Nos próximos dias será agendada nova reunião para ser negociada a proposta de PLR dos funcionários da BV para o exercício de 2012.
"Cobramos que a empresa seja transparente e divulgue a demonstração do balanço em 2011. Sem ele não teremos elementos suficientes para a negociação", afirma Miguel. Os representantes da financiadora se comprometeram a disponibilizar o documento no site e enviar o balanço à Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT