Em entrevista publicada nesta terça-feira (23) no portal Brasil de Fato, o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, falou sobre a mobilização da Campanha Nacional dos Bancários 2014. Ele afirmou que a proposta dos bancos é insuficiente e defendeu a necessidade de mais empregos e segurança e o fim das metas abusivas.

Cordeiro reforçou também a importância do debate de temas eleitorais como a flexibilização da CLT e criticou o que chamou de “assanhamento” dos bancos na ofensiva contra os direitos trabalhistas, como o apoio a projetos de terceirização, e na tentativa de ter mais poder nas políticas econômicas do país.

Queremos mais

A proposta dos bancos consiste em aumento de 7% nos salários (0,61% acima da inflação do período) e 7,5% de aumento no piso da categoria. Os bancários reivindicam 12,5% de reajuste e piso do Dieese (R$ 2.979,25).

Com isso, o Comando Nacional apresentou um calendário de mobilizações para pressionar os bancos, apontando orientação de greve por tempo indeterminado a partir do dia 30. Assembleias deliberativas foram indicadas para quinta (25) e segunda-feira (29).

Cordeiro afirmou que um dos principais pontos a serem debatidos é o problema das demissões e da alta rotatividade de empregados nos bancos. Em agosto, a Pesquisa de Emprego Bancário promovida pela entidade, em parceria com o Dieese, apontou que, na contramão da economia brasileira que gerou 751.456 novos postos de trabalho em 2014, os bancos cortaram 3.600 empregos.

Além disso, ele destacou que não é só a melhoria de salário que motiva a campanha deste ano, mas também o emprego e as preocupações com a rotina do trabalhador como segurança e problemas de saúde.

Ele frisou a preocupação da categoria com os problemas psíquicos que os bancários sofrem a cada ano por conta da pressão cada vez maior a que são submetidos nos bancos.

“A categoria vem adoecendo muito e boa parte dos afastamentos hoje são por problemas psíquicos que vem das metas abusivas que as instituições bancárias colocam para vender produtos. Os bancários hoje estão ameaçados de perder os seus empregos por conta disso. Os bancos não apresentam nenhuma saída quanto a isso. Dizem que o problema de gestão é deles, mas essa gestão está matando muitos. O trabalho tem que ser um ambiente saudável, você não pode adoecer por conta dele e nem levar esses problemas para a casa. Sem uma resposta a isso, nós não encerraremos a campanha”, apontou.

Ele ainda apontou os problemas de segurança como prioritários nas reivindicações deste ano. Só no ano passado, 65 pessoas morreram em decorrência da falta de segurança, afirmou. Para a Contraf-CUT, portas giratórias em todas as agências e postos de atendimento, além biombos separando a fila dos caixas, diminuiriam o número de assaltos e mortes.

Terceirização e BC

Pontos levantados no debate eleitoral têm colocado assuntos polêmicos na mesa dos brasileiros. Autonomia do Banco Central e maior flexibilização da CLT ligam o sinal de alerta em diversos setores da economia e da luta sindical no Brasil.

Cordeiro chamou a atenção para o debate e denunciou o que ele denomina de “assanhamento” dos bancos na ofensiva contra os direitos trabalhistas e na tentativa de ter mais poder nas políticas econômicas do país.

“É muito importante trazer para dentro desse debate o assanhamento dos bancos em temas como o da terceirização e independência do Banco Central. Na realidade o que eles querem é o BC dependente deles e do mercado financeiro e flexibilizar as leis trabalhistas. Nós achamos necessário dialogar isso com a população”, finalizou.

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Fonte: Contraf-CUT com Brasil de Fato