"A economia vive um momento preocupante de estagnação. O novo produto de crédito do BB é usado de forma estratégica para salvar o governo das medidas precipitadas ao injetar crédito no consumo, enquanto faltam políticas para fomentar a produção, a geração de empregos e a distribuição de renda", avalia Marcel Barros, secretário-geral da Contraf-CUT e funcionário do BB.
"O BB não pode deixar de cumprir o seu papel de banco público, que é o de promover o desenvolvimento econômico e social do país, de forma responsável e sustentável", defende o dirigente sindical.
Juros elevados
Além de os cartões terem as funções de crédito e débito, o novo produto deixará à disposição dos clientes a função de crediário. A ideia é que a terceira opção seja oferecida pelos funcionários do comércio na hora do pagamento. Os juros variam de 2,17% ao mês (no caso de um empréstimo de seis meses) a 2,83% ao mês.
"Os juros de 2,17% ao mês representam, na verdade, 29,3% ao ano. O spread bancário é altíssimo, no mínimo de 12%. A pergunta que fazemos é: um funcionário do comércio terá condições de esclarecer aos clientes o real endividamento que os clientes estarão assumindo?", indaga o dirigente sindical.
Diante dos altos níveis de inadimplência – os empréstimos vencidos em bancos podem chegar a R$ 330 bilhões até o fechamento do ano, segundo notícia veiculada nesta sexta-feira pelo jornal Valor Econômico – o BB age com irresponsabilidade. "O banco está incentivando indiscriminadamente o consumo, podendo levar clientes a endividamentos excessivos", alerta Marcel.
Dos 80 milhões de cartões que compõem a base do banco, 20 milhões terão acesso à função. Em um primeiro momento, só terão acesso à nova modalidade de crédito os clientes com a bandeira Visa.
Ainda neste final de ano dois segmentos de consumo, linha branca e turismo, terão destaque na estratégia do BB, embora o cliente tenha liberdade de escolher em qual produto aplicar.
Cadê o crédito para a produção?
A meta do BB é expandir em 21% o credito às pessoas físicas neste ano. Alta era de 20% até o terceiro trimestre. "O BB, na ânsia de ofertar crédito, investe apenas no aumento do consumo. Enquanto isso, o setor produtivo continua às minguas. O BB deve assumir seu papel de banco público e tomar medidas efetivas para promover o crescimento do país de forma efetiva"’, conclui Marcel.
Fonte: Contraf-CUT com Estadão e Valor Econômico