Bancários e vigilantes cobram responsabilidade dos bancos
Rede Comunicação dos Bancários
Alan de F. Brito e Maricélia Franco
Pela primeira vez uma Conferência Nacional dos Bancários teve um painel para discutir especificamente segurança bancária. O tema foi debatido na tarde desta sexta-feira, dia 20, e contou com a participação do coordenador do Coletivo Nacional de Segurança da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, e do presidente da CNTV (Confederação Nacional dos Vigilantes), José Boaventura.
Para eles, o cenário de descaso dos bancos torna necessária a ampliação da discussão sobre o tema e a pressão para que haja mais investimentos em segurança. Segundo dados do Dieese, os cinco maiores bancos que operam no país apresentaram lucros de R$ 50,7 bilhões em 2011, mas os investimentos em segurança e vigilância somaram apenas R$ 2,6 bilhões, o que significa 5,2%, em média, na comparação com os lucros.
Conforme Boaventura, "o investimento em segurança feito pelos bancos é para a segurança do dinheiro, não das pessoas". "Agência bancária é um local de risco e é preciso responsabilizar os bancos pela segurança dos bancários, vigilantes e clientes", completou Ademir.
Mortes
Pesquisa nacional de mortes e assaltos envolvendo bancos, realizada pela CNTV e Contraf-CUT e divulgada nesta quinta-feira, 19, demonstra que 27 pessoas foram assassinadas no primeiro semestre de 2012, uma média de 4 vítimas fatais por mês, o que representa um aumento de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 23 mortes.
São Paulo (6), Rio de Janeiro (4) e Bahia (4) foram os estados com o maior número de casos. A principal ocorrência foi o crime conhecido como "saidinha de banco", que provocou 14 mortes. Já a maioria das vítimas foram clientes (15), seguido de vigilantes (5), transeuntes (3), policiais (3) e bancário (1). Segundo Boaventura, esse crime é originado dentro do banco, e deve ser combatido por meio da utilização de biombos e divisórias entre as filas e os caixas.
Foi destacada também a estatística da Febraban que mostra a redução de assaltos após instalação da portas de segurança a partir do final dos anos 1990. O número caiu de 1.903 em 2000 para 369 em 2010. "No entanto, houve um aumento para 422 ocorrências em 2011, ano em que o Itaú retirou portas giratórias nas reformas das agências e o Bradesco inaugurou unidades sem esse equipamento e muitas com número insuficiente de vigilantes, o que é inaceitável", denunciou Ademir.
Atualização da Lei Federal 7.102/83
Para os painelistas, todos os dados apresentados reforçam a necessidade de atualização da legislação federal de segurança que se encontra defasada diante do crescimento da violência e da criminalidade. Foi citado que o Ministério da Justiça está elaborando um projeto de lei que cria o Estatuto da Segurança Privada, ouvindo as entidades que integram a Comissão Consultiva para Assuntos ded Segurança Privada (Ccasp), a fim de atualizar a Lei nº 7.102/83.
"Precisamos de um estatuto de segurança privada sim, mas com medidas eficazes e equipamentos adequados de prevenção para garantir a proteção da vida, eliminar riscos e oferecer segurança para trabalhadores e clientes", disse Boaventura. " Queremos a obrigatoriedade das portas giratórias nas agências e postos de atendimento", salientou Ademir.
Mais parcerias entre bancários e vigilantes
O aumento das parcerias entre bancários e vigilantes foi reforçado durante o painel. Ademir defendeu a ampliação da luta por mais segurança e a unificação da data-base para unir ainda mais as lutas das categorias e aumentar as conquistas.
Para Boaventura, a parceria é importante. "É preciso também ampliar legislações municipais que preencham os vácuos da legislação federal. Além disso, é necessário trazer a opinião pública para a discussão, já que o debate é também de interesse da população", complementa.
Boaventura defendeu ainda que os vigilantes que trabalham em agências bancárias sejam preparados especificamente para atender o setor financeiro. Outra demanda levantada é a responsabilidade pelo guarda das chaves das agências. "O porte da chave pelo vigilante fora do expediente é um perigo tanto para o vigilante, quanto para o bancário. Não queremos essa responsabilidade", destacou.
Mesa temática
Na próxima mesa temática de segurança bancária com os bancos, a ser realizada no próximo dia 30 de julho, a Fenaban apresentará a estatística de assaltos a agências e postos no primeiro semestre desse ano. Além disso, a Contraf-CUT pautou o debate sobre os sequestros, buscando medidas de prevenção contra esse crime que, além de traumatizar, tem causado a demissão de muitos bancários.
Fonte: Contraf-CUT