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A Contraf-CUT retomou nesta quinta-feira, 24, os debates na mesa de negociação com o Bradesco. O banco concordou em iniciar discussão com os trabalhadores para construção de um programa de combate ao assédio moral, tendo como ponto de partida as questões já acertadas sobre o tema na mesa temática de Saúde do Trabalhador com a Fenaban. A reunião aconteceu na sede da empresa, em Osasco.

Ficou acertada a realização de uma nova rodada de negociação no dia 8 de julho, quando as duas partes farão um debate a respeito do conceito de assédio moral, de forma a uniformizar as perspectivas.

O principal ponto de discordância entre as partes foi em relação ao item que trata da não divulgação do nome de funcionários acusados da prática de assédio, proposta pelo banco. A Contraf-CUT avalia que não é adequado um processo de negociações criar esse tipo de impeditivo, além de que a vedação de divulgação poderia induzir a permanência da prática, uma vez que o assediador poderia se sentir "protegido" pela medida. Com a divergência, as partes se comprometeram a retomar o assunto e buscar uma nova formulação que contemple banco e trabalhadores.

"É importante destacar que o objetivo principal do movimento sindical não é dar publicidade a casos ou nomes de envolvidos, mas resolver o problema, inibindo o assédio. Mas não é prudente impedir que os sindicatos divulguem alguma informação caso julguem necessário", avalia Elaine Cutis, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco. "Por exemplo, se ao longo de um processo de apuração o banco não aplicar nenhuma medida corretiva, os sindicatos poderiam utilizar a divulgação para proteger a maioria dos trabalhadores", diz.

Os representantes do Bradesco informaram também que a empresa já admite a denúncia anônima de assédio moral em seus canais internos, superando questão que foi motivo de polêmica na mesa com a Fenaban. No sistema adotado no Bradesco, o denunciante recebe um número, que serve para identificá-lo e para que ele acesse informações a respeito da apuração.

Os bancários reivindicaram ainda que seja assegurado tratamento psicológico ou psiquiátrico aos trabalhadores envolvidos em casos de assédio moral, com cobertura do Bradesco Saúde. Os trabalhadores cobraram ainda que o mesmo tratamento seja garantido para os bancários vítimas de assaltos ou sequestros. A empresa ficou de avaliar e dar resposta para os dois pontos na próxima reunião.

Apesar do banco afirmar que a questão de gestão de recursos humanos é um dos itens na formação de seus gestores, o movimento sindical cobrou que os debates e orientações para coibir o assédio moral sejam tratada rotineiramente com os bancários. "Quanto mais evidente ficar para os gestores que a pratica do assédio moral não é tolerada pela empresa, a possibilidade de ocorrerem casos é cada vez menor. É um ponto que deve ser incorporado por todos, funcionários e gestores", diz Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.

O dirigente lembra que o Bradesco diz que ter um ambiente saudável de trabalho é um compromisso da empresa, previsto em seu código de ética. "Mas o modelo de gestão dos bancos, com cobrança por metas, nem sempre esses princípios são respeitados. É importante que a empresa efetivamente construa um programa e o torne algo incorporado na vida do trabalhador", defende.

Elaine Cutis destaca que a disposição de discutir o tema demonstrada pelo banco foi um ponto positivo da reunião. "Mas agora queremos que essa disposição se traduza em propostas efetivas para melhorar a vida dos bancários. Se o banco quer valorizar de fato as relações de trabalho, é importante construir um programa de proteja os bancários e iniba a prática do assédio moral", defende.

Fonte: Contraf-CUT

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