A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) participou, nesta quinta-feira (3), da plenária Virtual Internacional para construção dos atos de solidariedade aos familiares de Moïse Kabagambe e de combate ao racismo e à xenofobia no Brasil. Eles acontecem no próximo sábado (5), a partir das 10h, em várias cidades do Brasil e do mundo.

Moïse Mugenyi Kabamgabe, 24 anos, nascido no Congo, era mais um negro africano que veio buscar no Brasil o sonho de ter uma vida melhor e poder garantir a sua sobrevivência com dignidade. Mas o sonho terminou em uma barbárie: o jovem foi assassinado a pauladas por capangas apenas porque cobrou dos patrões, donos do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, onde trabalhava fazendo diárias há cerca de três anos, o recebimento de seu salário. O crime foi cometido na segunda-feira passada, dia 24 de janeiro, em plena orla da praia. Ele foi espancado por cinco homens com pedaços de madeira e taco de beisebol até a morte, seus pés e mãos foram em seguida amarrados e seu corpo jogado no chão, segundo testemunhas. O motivo torpe do crime foi porque Moïses cobrou o devido pagamento de R$200 por seu dia de trabalho.

“O destino de Moïse não poderia ter sido mais trágico e só confirma a barbárie social e política aprofundada em nosso país, especialmente nos últimos anos, de explicitação do racismo, de precarização do trabalho e da banalização da violência contra os pobres. E, no Rio de Janeiro, temos o agravante de um estado dominado pelo crime organizado das milícias, braço direito político do presidente Jair Bolsonaro, em que muitos crimes ficam sem respostas”, critica o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, que participou da plenária.

A comunidade negra suspeita de que a maior parte dos quiosques da região é de propriedade de milicianos. A forma bárbara com que o jovem foi morto em local público, de grande movimento, aumentam essas suspeitas e o medo da impunidade. A família de Moïse está no Brasil desde 2014.

Trabalho precário

Almir Aguiar acredita que este caso também mostra como as reformas trabalhistas potencializaram o trabalho precário no Brasil, sem nenhum direito e com negociações individuais e diretas do trabalhador com seus patrões e que o jovem também foi vítima desta triste realidade. “O jovem africano é fruto de um trabalho quase escravo, sem nenhum direito à carteira assinada, FGTS, 13º salário, negociação coletiva, representação sindical e aposentadoria, como sofrem milhões de brasileiros e imigrantes. E negros e negras são sempre as maiores vítimas desta tragédia social que vivemos hoje no Brasil”, completou.

Fonte: Contraf-CUT