As entidades sindicais têm mantido ao longo dos anos uma parceria com as instituições acadêmicas em todos os temas relacionados à saúde do trabalhador. "Toda esta discussão e troca de experiências entre as entidades geraram enorme acúmulo em nossos debates sobre o assunto. Hoje o bancário no Brasil sabe o que é assédio moral e da nossa luta para combatê-lo", avalia Plínio.
Na avaliação do diretor da Contraf-CUT, toda esta mobilização culminou com a inclusão da Cláusula de Prevenção aos Conflitos no Ambiente de Trabalho na Convenção Coletiva do Trabalho de 2010, que levou à assinatura de acordos inéditos entre vários bancos e sindicatos, a partir de janeiro deste ano.
Experiência brasileira para o mundo
A cláusula prevê a criação de canal de denúncias via sindicatos, que as repassam para os bancos preservando a identidade dos denunciantes, com o compromisso por parte dos bancos de investigar os casos apresentados. O banco acolhe a denúncia, abre processo de investigação e no prazo de 60 dias informa o resultado ao sindicato com as providências adotadas.
Entre as diversas iniciativas já adotadas pelas entidades sindicais, Plínio menciona a pesquisa nacional realizada, em 2006 com a participação de todos os sindicatos e federações ligados à Contraf/CUT, junto aos grandes bancos brasileiros que teve a coordenação do Sindicato dos Bancários de Pernambuco.
De acordo com o estudo, 40% dos bancários haviam sofrido algum tipo de violência nos últimos seis meses e 8% estavam sendo vítimas de assédio moral. "Na época este percentual representava cerca de 32 mil pessoas. Hoje este número deve ser maior, já que identificamos um aumento da pressão por metas nos últimos anos. Outro exemplo foi a campanha lançada inicialmente pelo Sindicato de São Paulo, Osasco e Região em 2010, cujo lema é ‘menos metas, mais Saúde’", destaca Plínio.
"Tudo isso tem contribuído para o aumento do nível de conhecimento e conscientização de dirigentes sindicais e bancários de base. Vamos falar um pouco dessas experiências para representantes de outros países e também aprender bastante com os relatos de outros pontos de vista sobre o problema", complementa o dirigente da Contraf-CUT.
Walcir avalia que a oportunidade será importante para trocar experiências mundiais no combate ao assédio moral, que tem adoecido trabalhadores e apresentado reflexos nas relações familiares, afetivas e sociais.
Para Crislaine, assédio moral não é exclusividade das empresas brasileiras. "A gente vê trabalhadores do mundo inteiro adoecendo da mesma forma, com prejuízos às suas relações sociais por conta dessa prática de violência organizacional. Os bancários no Brasil já deram um passo à frente na defesa de seus direitos e agora temos a oportunidade de trocar experiências com outras categorias para garantir que mais trabalhadores sejam preservados", observa.
Médicos e pesquisadores de mais de dez países – entre os brasileiros estarão Roberto Heloani, Lis Andreia Soboll, Débora Raab Glina e Margarida Barreto, que será uma das conferencistas, – participarão, durante os três dias do evento, de 17 mesas de debates tratando a temática do assédio moral, desde sua conceituação, os gatilhos que desencadeiam esse processo, até as formas de tratamento e prevenção.
Realização
O encontro será realizado na Escola Nacional de Antropologia e História. As instituições que convocam o evento são: Red del Programa de Mejoramiento del Profesorado (PROMEP), Secretaría de Educación Pública do México, Universidad Juárez del Estado de Durango, Universidad Autónoma del Estado de México, Universidad Autónoma de Sinaloa, Facultad de Ciencias Políticas y Sociales, Universidad Autónoma del Estado de México, Facultad de Ciencias de la Conducta, Universidad Autónoma del Estado de México, Escuela Nacional de Antropología e Historia.
Entre as entidades co-convocantes está o Núcleo de Estudos Psicossociais da Dialética Exclusão/Inclusão Social – NEXIN da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, do qual Margarida Barreto é coordenadora adjunta.
Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo e Fetec-SP