Crédito: Seeb Campo Grande
Carlos Cordeiro debateu o papel dos bancos com a sociedade
O dirigente sindical alertou para a precarização das condições de trabalho e salariais com a expansão dos correspondentes bancários. Denunciou a manipulação contábil dos bancos que aumentam a quantidade de clientes em situação de risco para maquiar os lucros e reduzir o pagamento da PLR. Cobrou também uma intervenção mais dura do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) contra as fusões das instituições financeiras, que aumentam a concentração do sistema, reduzem o número de empregos nos bancos e a competividade do setor.
"A eventual fusão de bancos, como a imprensa está noticiando, vai concentrar o sistema financeiro e prejudicar os consumidores, empresas e trabalhadores. O Cade não pode permitir tamanhos danos para a sociedade brasileira, principalmente no momento em que existe enorme necessidade de que o setor financeiro contribua definitivamente para o desenvolvimento econômico com distribuição de renda e justiça social", argumentou o presidente da Contraf-CUT.
No plano político, Cordeiro frisou a importância de se expandir as cooperativas de crédito e de se promover a reforma do sistema financeiro e a reforma tributária, de modo que a tributação não recaia sobre o imposto indireto como o ICMS, mas sim sobre os lucros e as grandes fortunas. "No Brasil, o trabalhador brasileiro tem que pagar anualmente o IPVA, enquanto iate e helicóptero são isentos de impostos. Isto é um contrassenso", afirmou.
Cordeiro ressaltou ainda o papel dos bancos públicos como instrumentos reguladores da relação com os bancos privados que, apesar de terem sinalizado, ainda resistem em reduzir as altas taxas de juros.
Altas taxas são injustificáveis
Após a pressão do governo para que os bancos públicos reduzissem os juros para estimular o consumo interno, bancos privados também adotaram a medida. Mas Cordeiro defende que apenas o incentivo ao crédito não é suficiente para consolidar o Brasil como um país desenvolvido. A redução das taxas foi pequena perto dos incentivos dados às instituições.
O governo reduziu a taxa Selic, portanto não há justificativa para o fato de que as taxas ainda estejam tão altas, sem contar que as tarifas bancárias para serviços corriqueiros para os clientes foram reajustadas. Só com as tarifas, as instituições conseguem arrecadar o suficiente para pagar toda a sua folha de pagamento. "E com o resto do dinheiro, é feito o quê?", questionou o presidente da Contraf-CUT.
Cordeiro defendeu ainda que haja um debate em torno dos investimentos feitos pelos bancos públicos e privados.
Cobrança de Imposto
A reivindicação dos bancários é de que a cobrança de impostos passe por uma grande transformação. "Para um grande empresário pagar R$ 0,31 de imposto sobre o leite vai representar 0,01% da sua renda, mas para a dona de casa, que ganha um salário mínimo, o imposto pega uma fatia grande dos ganhos mensais", exemplificou Cordeiro. Os trabalhadores defendem que o imposto seja incidido sobre a renda e não sobre o produto.
Primeiro
O Sindicato de Campo Grande foi o primeiro sindicato da categoria bancária a pautar o debate sobre o tema com a sociedade. "Para nós foi uma grata surpresa ver a sede do Sindicato ocupada por universitários do curso de economia, bancários, lideranças políticas e pela sociedade organizada para discutir um assunto que precisa ser encarado com urgência em nosso país", destacou Iaci Rodrigues de Azamor Torres, presidenta do Sindicato.
"Estamos fomentando o início da participação da sociedade em uma discussão tão cara aos brasileiros, que é o sistema financeiro. Todos precisam participar e intervir neste debate", apontou.
Fonte: Contraf-CUT, com Seeb CG e O Estado de MS