A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) apresentará propostas, na audiência pública que o Banco Central anunciou ontem que será instalada nesta terça-feira 2 de fevereiro, visando conferir mais transparência às demonstrações contábeis dos bancos que operam no país e disciplinar a política de bonificação dos executivos do setor.

"A iniciativa do Banco Central de ouvir a sociedade, seguindo as recomendações do G20 para evitar que se repitam as irresponsabilidades que provocaram a crise financeira mundial de 2008, é um passo importante na consolidação de um sistema financeiro mais transparente e mais comprometido com o desenvolvimento econômico e social do país", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

A Confederação vem fazendo em vários fóruns, inclusive no âmbito da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra (que contou com a participação da Febraban), e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em São Paulo, a discussão sobre a ausência de transparência nos balanços das instituições financeiras, reforçando a percepção de que as demonstrações contábeis possam estar sendo manipuladas, e sobre a disparidade de remuneração entre os altos executivos dos bancos e a maioria dos trabalhadores.

Os bancários fizeram uma greve de duas semanas no ano passado para impedir que as empresas financeiras reduzissem a distribuição de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) aos trabalhadores, enquanto aumenta os bônus de seus altos executivos.

Reportagem publicada pelo Valor Econômico dia 2 de dezembro com base nas demonstrações financeiras das empresas mostra que os cinco maiores bancos que atuam no Brasil (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) pagaram cerca de R$ 1 bilhão de remuneração a seus diretores e altos executivos somente nos primeiro nove meses de 2009.

"Isso significa que um grupo de menos de 500 gestores recebeu de remuneração, em nove meses, mais que o total distribuído a título de PLR a cerca de 410 mil bancários que trabalham nesses cinco bancos", diz Carlos Cordeiro. O caso mais notável é o do Itaú Unibanco, que distribuiu R$ 504 milhões (mais da metade do total desse grupo de bancos) para o alto escalão, o equivalente a 7,38% do lucro líquido do período (R$ 6,85 bilhões). Já os 102.700 bancários do Itaú receberam de PLR durante todo o ano 5,10% do lucro líquido.

No Santander, diretores chegaram a receber R$ 1,5 milhão em bônus no ano passado, enquanto muitos bancários receberam cerca de R$ 2 mil de PLR – ou seja, 750 vezes menos. "É preciso impor regras e limites a essa política de premiação e estabelecer uma relação mais equilibrada entre a maior e a menor PLR", propõe o presidente da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT

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