Apesar dos avanços já conquistados pelos bancários, Deise disse que ainda há muito caminho pela frente, falta transparência e o momento não é o de baixar guarda. "Os bancos assumem compromissos e fazem publicidade em relação às suas iniciativas no campo da diversidade, mas eles não nos mostram resultados efetivos, números que provem na prática o que dizem", frisou.
"Paga-se menos para as mulheres e os negros que assumem cargos com baixos salários e assim por diante", denunciou. "Os bancos lucram com essa política discriminatória", ressaltou Deise.
A diretora da Contraf-CUT apontou que o processo de bancarização sem bancários está aumentando a transferência de serviços bancários para os correspondentes e excluindo milhares de trabalhadores. "Essa estratégia dos bancos está fazendo com que as políticas de igualdade de oportunidades abarcarão cada vez mais um número menor de pessoas", salientou. "Temos que brecar a terceirização e a precarização do trabalho, pois isso irá trazer ainda mais desigualdade de direitos e oportunidades", alertou.
Uma luta que vem de longe
Deise enfatizou que a pauta de igualdade de oportunidades nos bancos não veio de forma espontânea. "Pelo contrário, as instituições financeiras demoraram a admitir a necessidade de debater a questão e o assunto começou a ser pautado por meio da pressão exercida pelas entidades sindicais", lembrou. "Nossa história neste tema é longa, sendo que em 1998 o eixo da campanha salarial foi ‘Igualdade e Oportunidade’".
A dirigente sindical recordou ainda outros momentos decisivos nessa luta. Em 2000, a Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT), antecessora da Contraf-CUT, encomendou ao Dieese a pesquisa "O Rosto do Bancário", que traçou pela primeira vez o perfil dos trabalhadores da categoria.
Em 2001, foi criada a mesa temática de "Igualdade e Oportunidade" junto à Fenaban. Além disso, os bancos foram cobrados pelo Ministério Público do Trabalho, em 2005. "Outros atores sociais também participaram desse processo, como os movimentos sociais", observou Deise.
A urgência na concretização das políticas que garantam a igualdade de oportunidades foi reforçada pela diretora da Contraf-CUT. "Os bancos precisam sair do campo das intenções e apostar nas negociações e na construção de acordos com os trabalhadores", defendeu.
Respeito à mesa de negociações
A dirigente sindical chamou os bancos a assumirem a responsabilidade de respeitar o espaço privilegiado de debates e negociações, em particular a Mesa Temática de Igualdade de Oportunidades, cuja primeira reunião em 2011 será realizada no próximo dia 8 de julho, após quase um ano sem discussões sobre essa importante agenda dos trabalhadores.
"Existem diretrizes e normas que valorizam a existência das mesas de negociações. Apesar dos avanços, percebemos é que ainda existe falta de seriedade das instituições financeiras frente aos imensos desafios para negociar e construir soluções para acabar com as discriminações", observou.
Deise citou como exemplo o anúncio feito pela Febraban, no final de maio, da implantação da ferramenta de recrutamento online de trabalhadores, disponível em seu site. A medida foi anunciada à imprensa de maneira unilateral, ignorando que o instrumento era uma das nove propostas apresentadas pela Contraf-CUT, federações e sindicatos nos debates da mesa temática, como forma de democratizar o acesso aos bancos e evitar qualquer tipo de discriminação nas contratações.
"Quando a Febraban age dessa forma desqualifica um espaço de negociação, que foi uma conquista dos bancários e que está na pauta de reivindicações de outras categorias", frisou Deise.
Relações Compartilhadas
A dirigente da Contraf-CUT avaliou positivamente a observação da representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Fórum, que destacou a importância da paternidade responsável. Os bancários defendem a proposta da ampliação da licença paternidade para 90 dias, dentro da visão de conciliar a maternidade e a paternidade com o trabalho produtivo.
"Nossas reivindicações estão de acordo com a linha de defesa feita pela representante da OIT no Fórum. Estamos na vanguarda desta discussão e estamos levando este debate aos bancos. A responsabilidade de manter a casa e criar os filhos deve ser dividida igualmente entre homens e mulheres", apontou Deise.
Participação
O Fórum, que integra as ações do Programa Valorização da Diversidade da Febraban, contou com a participação de dirigentes de vários sindicatos de bancários, como Magna Vinhal (Patos de Minas/MG), Angela Savian (Piracicaba/SP), Marcelo Abrahão (Piracicaba/SP), Adilma Nunes (Rio de Janeiro) e Rosane Alaby (Brasília), além de Iracini Veiga (Feeb RJ/ES). Também compareceram representantes de organismos internacionais do setor empresarial.
Fonte: Contraf-CUT