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Reunião com os representantes do Itaú foi na sede da Contraf-CUT

Em reunião com a direção do Itaú nesta quinta-feira 13, a Contraf-CUT, assessorada pela Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, criticaram duramente a forma unilateral e sem transparência como o banco está implantando o projeto de ampliação do horário de atendimento de agências. Os dirigentes sindicais apontaram os inúmeros prejuízos que o programa está trazendo aos bancários no país todo e advertiram que, somados com os outros problemas que ocorrem no Itaú, principalmente as demissões, será o banco onde a greve nacional da categoria terá o maior êxito, em razão do descontentamento dos trabalhadores.

A reunião, realizada na sede da Contraf-CUT, foi marcada depois das manifestações e paralisações da semana passada em várias capitais. Representando os bancários participaram o presidente da Contraf-CUT e as seguintes federações representadas na COE Itaú: Fetec São Paulo, Feeb RJ/ES, Feeb SP/MS, Fetrafi NE, Fetraf Minas, Fetrafi RS, Fetec PR, Feeb BA/SE e Fetec Centro-Norte. Pelo banco, compareceram Marcelo Orticelli, diretor de Cultura, Gente e Relações de Trabalho (representante do Itaú na mesa de negociação da Fenaban), e a equipe responsável pela implantação do projeto de expansão do horário de atendimento de agências em shopping centers e corredores de grandes cidades.

Os representantes do banco informaram que 167 agências (66 em shoppings e 101 em corredores) já estenderam o horário. Nos shoppings, o horário passou das 12h às 20h. Nos corredores, as agências do Itaú têm agora dois horários diferentes: umas das 9h às 16h, outras das 12h às 19h. A medida está em vigor desde o dia 27 de agosto e o objetivo do banco é chegar a 1.500 agências com horários ampliados em todo o país.

‘Projeto é imposto no pior momento possível’

"Queremos manifestar muita estranheza com o projeto. Não somos contra a ampliação do horário de atendimento das agências. Temos um projeto antigo para estender o horário das 9h às 17h, com dois turnos de trabalho e mais contratações de bancários, para atender melhor a população. Essa proposta está com a Fenaban há anos. Por que não começamos a discussão a partir daí? E agora somos surpreendidos com a decisão unilateral do Itaú de ampliar o atendimento, sem consultar o movimento sindical e implantando o projeto sem transparência", protestou o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

"Além do mais, o Itaú impõe o projeto no pior momento possível. No meio da campanha nacional dos bancários, em que os bancos se recusam a atender nossas reivindicações, no momento em que demite quase 10 mil bancários, apresenta um lucro astronômico e maquia o balanço com a PDD exagerada para diminuir a PLR, enquanto aumenta para mais de R$ 8 milhões a remuneração de seus altos executivos, os mesmos que definem as demissões, fixam as metas abusivas e incentivam o assédio moral", criticou ainda Carlos Cordeiro.

Daniel Reis, diretor do Sindicato de São Paulo, acrescentou: "O Itaú está aumentando o tensionamento, que já é grande por causa das demissões, do Agir e das metas abusivas. Pelo conjunto da obra, o Itaú será o banco onde a greve da categoria será mais forte, por causa do grande descontentamento".

Problemas em todo o país

Os representantes das federações de bancários na COE expuseram aos representantes do Itaú todos os problemas que a implementação do projeto está trazendo para os trabalhadores, contradizendo a visão rósea que o banco tenta vender.

Os principais problemas são: os bancários estão sendo forçados a aderir ao projeto, com medo de demissões e por autoritarismo dos gestores, ao contrário do que diz o banco de que a adesão é voluntária; é frequente a extrapolação da jornada de trabalho, chegando a dez horas por dia, sem pagamento de horas extras; com as jornadas maiores, muitos estão abandonando faculdades, outros deixando os filhos em tempo integral em creches; alguns não conseguem mais ver os filhos; os bancários estão pagando para trabalhar, seja porque subiu o valor da creche ou para pagar estacionamento nos shoppings; pioraram as condições de segurança, principalmente nos horários de saída nos corredores bancários; o banco está tirando caixas de agências para colocar nas unidades envolvidas no projeto, agravando os problemas da extrapolação do horário e da falta de funcionários.

"Ou seja, enquanto mais os altos executivos ganham para aumentar o índice de eficiência, mais os bancários trabalham e perdem qualidade de vida, diminuindo o tempo para lazer e para ficar com os filhos e com a família. A sociedade não quer esse tipo de serviço. E nós vamos lutar por melhor qualidade de vida dos bancários. Por isso o nosso projeto é que o horário de atendimento vá só até as 17h", concluiu Carlos Cordeiro.

O diretor Marcelo Orticelli disse que vai examinar os problemas apontados pelos dirigentes sindicais junto com a equipe responsável pelo projeto de ampliação do horário do atendimento e marcará uma nova reunião com os representantes dos bancários.

Fonte: Contraf-CUT