A Circular Interna da Caixa Econômica Federal (CI SN – Administração de Pessoas 026/11), divulgada no início do mês, que orienta as agências a reduzirem em 30% a dotação de horas extras dos trabalhadores, deve apimentar a mesa permanente de negociação entre a Contraf-CUT, federações e sindicatos com o banco, que acontece nesta terça-feira (31), em Brasília, para combater irregularidades do sistema do ponto eletrônico, o Sipon.
 

O secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Plínio Pavão, avalia que, apesar do corte da dotação, a quantidade de trabalho não vai diminuir. "Os trabalhadores terão que achar formas de cumprir a demanda de trabalho", denuncia.

O dirigente sindical argumenta que a medida pode gerar duas reações negativas. A primeira, segundo ele, as agências podem extrapolar o limite da dotação, o que deve gerar crises. "Esta é a melhor das hipóteses".

A segunda reação, a pior avalia, deve aumentar o número de gerentes logando o sistema para que seus funcionários possam trabalhar além de suas horas habituais e sem que sejam registradas. "Apesar de a interligação do sistema ter sido feita, cada empregado pode logar o sistema quantas vezes quiser. Assim, faz-se hora extra sem registro", afirma. Segundo o diretor da Contraf-CUT, a luta pelo login único estará no centro das discussões na reunião desta terça-feira.

A interligação foi uma conquista dos empregados na mesa de negociações para combater irregularidades no ponto eletrônico. Antes, era possível que um bancário que não estivesse logado no Sipon entrasse no sistema e continuasse trabalhando, sem que isso contasse como hora trabalhada. Após a interligação, foi criado um mecanismo que permite a entrada no sistema sem login no Sipon apenas por 5 minutos, protegendo o bancário. "A possibilidade de se logar vários computadores ao mesmo tempo é uma forma de burlar a conquista", denuncia.

Outro ponto que estará no centro da mesa de negociação é a questão da hora negativa, situação pautada pelos trabalhadores há anos. "Temos normas que regram a compensação de horas. O problema é quando o gerente dispensa o funcionário e o faz pagar as horas quando lhe for mais conveniente", explica. Segundo o dirigente sindical, essa é mais uma forma de explorar o trabalhador e deixá-lo nas mãos da direção do banco.

O sindicalista exemplificou a questão com uma denúncia que a Contraf-CUT recebeu neste mês, vinda de uma agência no estado de São Paulo. O fato ocorreu no final de 2010. No dia 31 de dezembro, as agências ficam fechadas para o balanço anual e expediente habitualmente acontece até as 12 horas, portanto, para os funcionários há pouco trabalho. Nessa agência específica, o gerente dispensou parte dos empregados para que depois pagassem as horas.

O que aconteceu foi que dois funcionários, um entrou em licença saúde e outro em férias logo no início do ano, o que evidentemente os impossibilitou de compensar as horas não trabalhadas, sendo descontadas na folha de pagamento.

A criação da comissão é uma conquista da Campanha Nacional dos Bancários 2010. O objetivo da comissão é aperfeiçoar o sistema de ponto eletrônico, corrigindo distorções que prejudicam os trabalhadores. "Nosso sistema de ponto foi implementado no início dos anos 2000 de forma unilateral pela Caixa, apresentando uma série de problemas que faziam com que o registro do ponto fosse corretamente anotado. Ao longo dos anos, conseguimos pequenas melhoras, mas temos ainda muitos ajustes a fazer. Observamos que em pontos fundamentais a direção do banco vem fugindo ao debate. Teremos que fazer este enfrentamento", conclui.

Fonte: Contraf-CUT