Crédito: Maíra Lima
Brizola Neto concede audiência para Contraf-CUT em Brasília
"A audiência foi positiva. Diante dos números que apresentamos sobre a rotatividade no Brasil, o ministro mostrou preocupação com o tema", afirma Cordeiro. Não é para menos. De acordo com a Pesquisa de Emprego Bancário, realizada pela Contraf-CUT em parceria com Dieese, os bancos criaram 23.599 novos postos de trabalho em 2011, mas intensificaram a estratégia de reduzir a folha de pagamento por meio da rotatividade. A prova disso é que o bancário admitido recebeu salário, em média, 40,87% inferior ao dos trabalhadores desligados. Nos demais setores da economia, essa diferença é, em média, de 7,1%.
"O instrumento para implementar essa política, que diminui o salário dos bancários para aumentar os lucros dos bancos, foi a demissão sem justa causa, que foi o motivo de 50,19% do total de 36.371 desligamentos no ano passado. O Brasil é campeão da rotatividade. Em nenhum país da América Latina encontramos índices tão elevados", critica Cordeiro.
"O nosso objetivo é denunciar a realidade trágica vivida pelos bancários e lutar para que possamos levar nosso país para outra realidade em que o emprego seja decente", ressalta o dirigente da Contraf-CUT.
Itaú será chamado pelo ministro
No diálogo com o ministro, a Contraf-CUT denunciou a política de demissões e rotatividade colocada em prática pelo Itaú, com o objetivo de reduzir ainda mais os seus custos para expandir as suas operações na América Latina. Segundo estudo do Dieese, enquanto obteve lucro de R$ 3,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o banco seguiu demitindo e fechou 1.964 postos de trabalho, uma redução de 7,4% em relação ao mesmo período ano passado. Com isso, o Itaú acumula um corte de 7.728 vagas nos últimos 12 meses.
Em março de 2011, o Itaú possuía 104.022 funcionários, diminuiu para 98.258 em dezembro e reduziu para 96.204 em março de 2012. Enquanto isso, outros bancos geraram empregos. "A política do Itaú está na contramão do crescimento do país", critica Cordeiro.
"O ministro mostrou preocupação com essa realidade e afirmou que chamará o banco para explicar os motivos desta redução do emprego", salienta.
De acordo com a deputada, que foi presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, o compromisso do ministro de pedir esclarecimentos ao Itaú é absolutamente importante para a categoria bancária. Segundo ela, é um passo firme para romper com a postura de naturalização do processo de rotatividade. "Não podemos agir como se essa prática dos bancos fosse normal. E esse compromisso assumido pelo ministro é um indicativo disso", aponta Érika.
Números do Caged por banco
Outra questão apontada pela Contraf-CUT ao ministro foi a necessidade de divulgar banco a banco os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego. "Temos o direito de saber as informações específicas de cada banco. Esse direito está embasado na lei nº 12.527, de acesso à informação pública, em vigor desde maio deste ano", salienta Cordeiro.
Fusões
Também estiveram em pauta as fusões de instituições financeiras. "Manifestamos a nossa posição contrária às fusões, cujos processos têm sido prejudiciais tanto para os bancários, que perdem milhares de postos de trabalho, quanto para a sociedade, na medida em que aumenta a concentração bancária e sobem os valores de juros, tarifas e serviços", ressalta o presidente da Contraf-CUT. "Só os bancos ganham", aponta.
"Queremos que o governo federal aja no sentido de impedir que esses processos ocorram e, principalmente, que não permita que a conta das fusões recaia sobre os funcionários dos bancos e a população", defende.
14ª Conferência Nacional dos Bancários
Brizola Neto foi convidado pela Contraf-CUT a participar da 14ª Conferência Nacional dos Bancários, que acontece entre os dias 20 e 22 de julho, em Curitiba. O ministro confirmou sua presença. Ele deverá participar do painel sobre emprego, no primeiro dia do evento.
Legislação contra rotatividade
A deputada adianta que, por demanda da Contraf-CUT, será analisada no Congresso Nacional a possibilidade de se construir uma legislação que "penalize as empresas que utilizam a rotatividade e que impossibilite essas instituições de praticarem altos lucros a partir da dor dos trabalhadores".
Fonte: Contraf-CUT