A suprema corte espanhola anulou parcialmente ontem um perdão do governo espanhol concedido ao principal executivo do Santander, levantando novamente a possibilidade da suspensão dele do exercício da atividade no setor bancário, disse um porta-voz da corte. Alfredo Sáenz, presidente do Santander, havia sido condenado em 2009 por fazer falsas acusações criminais quando era presidente do Banco Español de Credito, ou Banesto.

Em 2011, o governo do primeiro ministro Jose Luis Rodriguez Zapatero perdoou Sáenz, poupando-o de uma pena de prisão de três meses e uma suspensão do sistema bancário pelo mesmo período. A decisão da corte desta terça sustenta que o governo não tinha competência para bloquear a suspensão do executivo de 70 anos do sistema bancário e anulou parte do perdão, de acordo com o porta-voz da corte.

A suspensão, que demanda a saída de Sáenz do cargo por três meses, terá efeito assim que a decisão do tribunal for publicada, em aproximadamente duas semanas, segundo o porta-voz. Mas o caso pode não terminar aí. O porta-voz disse que o Banco da Espanha, que regula o sistema financeiro, pode permitir ao executivo permanecer no cargo se concluir que ele manteve sua "honorabilidade". Tal decisão, porém, poderia ser novamente objeto de recurso nos tribunais.

Um porta-voz do Banco da Espanha informou que a organização poderia revisar detalhes do caso. O Santander não comentou o assunto.

O caso contra Sáenz foi resultado de esforços do Banesto em 1994 para recuperar um empréstimo de ? 3,8 milhões (US$ 5,1 milhões) de quatro clientes do banco. O Banesto entrou com uma queixa criminal em uma tentativa de forçá-los a pagar a dívida, de acordo com documentos da corte. O pedido foi posteriormente negado e os clientes entraram com processos contra o Banesto e Sáenz, presidente do banco, acusando-os de apresentar uma falsa denúncia criminal.

Sáenz sempre contestou a alegação. Um tribunal de Barcelona considerou-o culpado de fazer falsas acusações criminais. Ele apelou para a suprema corte espanhola, que também decidiu contra ele e impôs a sentença.

Sáenz ficou conhecido por recuperar o Banesto após a compra pelo Santander, em 1994. O executivo se tornou presidente do Santander em 2002 e teve um papel central em muitas das aquisições do banco no exterior na última década, incluindo a do britânico Abbey National em 2004 e a do brasileiro Banco Real, em 2007.

 
Fonte:  Dow Jones Newswires(Publicado no Valor Econômico)

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