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Movimentos sociais: desafio para colocar prioridades em prática

"Tudo aconteceu num certo dia, hora de Ave Maria, o universo viu gerar. No princípio, o verbo se fez fogo nem atlas tinha o globo, mas tinha nome o lugar. Era Terra." A canção de Pedro Munhoz embalou a abertura da segunda assembleia dos movimentos sociais, na quinta-feira (21), durante a Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20, que aconteceu no Aterro do Flamengo.

Antes da apresentação das sínteses das propostas defendidas nas cinco plenárias dos movimentos sociais, um grupo teatral organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra retratou a criminalização dos movimentos sociais, invariavelmente por meio da violência policial.
Representante da Marcha Mundial de Mulheres Miriam Nobre fez uma retomada da construção da cúpula e dos debates nesses seis dias. "Quando percebemos que a economia verde era uma ofensiva tão grande do capital, decidimos realizar a Cúpula dos Povos, lugar de debates, acúmulos, acordos, mobilizações. Tivemos também inúmeras atividades autogestionárias em conjunto com muitas entidades parceiras dos movimentos sociais."

As temáticas dos discursos foram divididas conforme as plenárias: Direitos por Justiça Social e Ambiental; Defesa contra os Bens Comuns e contra Mercantilização; Soberania Alimentar; Energia e Indústrias Extrativistas e por fim, Trabalho: por outra economia e novos paradigmas da sociedade.

Uma manifestante americana cantou Get Up, Stand Up, música de Bob Marley, animando o público que também entoava "O povo unido, jamais será vencido" e aplaudia os fervorosos discursos.

As sínteses das propostas foram intercaladas com a apresentação de um vídeo que mostrava a luta dos movimentos sociais, inclusive da marcha do dia 20 de junho.

Direitos por Justiça Social e Ambiental

Entre os principais pontos, essa plenária destacou a urgência de mudanças por políticas públicas e estatais, diminuição as desigualdades sociais através da garantia dos direitos humanos, garantia de serviços básicos gratuitos e restritos, construção um novo paradigma de desenvolvimento que seja sustentável, participativo e não discriminatório, criação de espaços coletivos populares e descentralizados, e cumprimento por parte dos Estados de todos os tratados e convenções das organizações internacionais. Também integraram o documento a promoção do direito à mobilidade para todos através de transporte público de qualidade.

Nesse ponto, os destaques foram o combater à biopirataria, a necessidade de garantir as áreas naturais prioritárias no mundo, o direito à cidade como forma de acessar os bens comuns, a defesa da bioconstrução e da agroecologia urbana, o acesso à cultura, à comunicação e à liberdade de expressão. Assegurar a descriminalização dos movimentos sociais e abolir todos os mecanismos de privatização dos bens comuns foram as principais alternativas colocadas como solução aos problemas enfrentados pela sociedade como resultado do modelo capitalista.

Soberania Alimentar

A plenária que tratou da soberania alimentar defendeu a reforma agrária integral com fortalecimento da agricultura familiar, a autonomia dos povos, uma profunda distribuição das riquezas, o fortalecimento das cooperativas, a recuperação e valorização dos alimentos tradicionais, a defesa do ensino, pesquisa e extensão das universidades serem voltadas aos interesses da sociedade e não das empresas, o fim da violência e discriminação com as mulheres, a erradicação do trabalho infantil, além de ter abordado outras questões.

Energia e Indústrias Extrativistas

Os pontos essenciais destacados aqui foram a democratização dos acessos aos recursos energéticos e o fortalecimento das convergências sociais pela energia pública.

Já na assembleia sobre trabalho, os destaques foram a promoção de políticas públicas para desenvolver trabalho decente, iniciativas comunitárias, fortalecer a economia solidária, fazer a reforma agrária. A defesa dos bens comuns como uma resposta à mercantilização também foi outra das propostas apresentadas.

A próxima assembleia dos povos acontece nesta sexta-feira, a partir das 10h no Aterro do Flamengo. Na ocasião, os movimentos sociais divulgará a agenda de lutas para o próximo período.

Fonte: Luiz Carvalho – CUT