Passada a fase mais aguda da crise de liquidez, os bancos de médio porte começam a retomar com mais entusiasmo a oferta de crédito. O Banco PanAmericano vislumbra uma retomada dos patamares pré-crise de concessão no segundo semestre, enquanto o Banco Cruzeiro do Sul já superou suas metas no consignado.
O PanAmericano encerrou o primeiro trimestre do ano de forma positiva. O lucro líquido consolidado atingiu R$ 70,9 milhões, ante prejuízo de R$ 74,3 milhões nos últimos três meses do ano passado. Na comparação anual, a instituição do Grupo Silvio Santos registrou alta de 3,5% nos ganhos em relação ao primeiro trimestre de 2008 (R$ 68,5 milhões). O lucro da controladora, que excluem os fundos de investimentos em direitos creditórios, foi de R$ 17,5 milhões, aumento de 82,3% em relação ao trimestre anterior.
A melhora foi puxada pela retomada das operações de empréstimos. Em março, as liberações atingiram R$ 525 milhões e a tendência é de crescimento, disse Wilson de Aro, diretor financeiro e de RI do banco. "No segundo semestre do ano devemos atingir uma produção mensal próxima a que tínhamos no primeiro semestre de 2008, na casa dos R$ 780 milhões mensais."
Segundo ele, o fim do ano passado foi afetado pela falta de liquidez do mercado e pela rigidez das condições do crédito em função do temor de inadimplência. Agora, a fase mais aguda da crise passou e já é possível ter uma visão mais clara do desempenho neste ano. "As condições hoje permitem que se faça um planejamento, com perspectivas de médio e longo prazo. No fim do ano passado, a visão estava muito turva", disse.
A carteira de crédito total da instituição, considerando as cessões de crédito, atingiu R$ 8,8 bilhões, praticamente em linha com o trimestre anterior. A maior parte, 64%, é de veículos e há uma aposta de avanço no setor de cartões. O patrimônio líquido da instituição ficou em R$ 1,468 bilhão. Além disso, o banco destinou R$ 4,5 milhões para um contrato de patrocínio com o Corinthians.
Já o Banco Cruzeiro do Sul teve prejuízo de R$ 21,8 milhões, por conta da adoção das novas normas da Resolução 3.533 do Banco Central, que modificam a forma de contabilizar a realização do lucro das operações de cessão de crédito, diz Fausto Guimarães, superintendente de RI do banco. Segundo ele, com a mudança, a instituição é obrigada a diferir as receitas e despesas, que antes eram apropriadas de forma antecipada. "Devemos reverter o prejuízo já no segundo semestre desse ano", disse, ressaltando que a previsão do banco é fechar o ano com lucro antes de impostos na casa dos R$ 93 milhões. Com relação ao desempenho operacional, Guimarães destacou a volta das concessões de crédito consignado a um ritmo forte.
Fonte: Valor Econômico