Em outubro, conforme adiantou o Valor, o banco já lançou em conjunto com o Santander um fundo inovador, um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) batizado de Crédito Corporativo Brasil. Ele servirá para dar crédito de longo prazo a grandes corporações nacionais. O primeiro lote do fundo, que seria inicialmente de R$ 2,9 bilhões, foi reduzido para R$ 1 bilhão, segundo comunicado ao mercado. Quintella não quis comentar sobre o andamento desse fundo, pois alegou estar em período de silêncio.
Na verdade, o maior investimento do Credit Suisse em gestão de recursos de terceiros e o primeiro na área de private banking (administração de fortunas de pessoas físicas) foi a compra da Hedging-Griffo, no final de 2006, por R$ 635 milhões. Desde então, os recursos totais sob administração do banco passaram de US$ 11 bilhões para US$ 24,1 bilhões. "Nossa aposta nesse setor foi acertada e o potencial de crescimento ainda é muito grande", diz. "Temos uma plataforma realmente aberta e oferecemos também fundos de terceiros a nossos clientes."
Com esse crescimento, segundo Quintella, o Credit Suisse no Brasil já é hoje um dos maiores gestores de fundo de hedge dos países emergentes, senão o maior. O executivo tem agora acesso a mais parâmetros para comparação: acaba de assumir como corresponsável pelo recém-criado Conselho de Mercados Emergentes do Credit Suisse, junto com o russo Fawzi Kyriakos-Saad. O conselho tem 20 integrantes, dos quais 7 representantes de regiões do banco – México, Brasil, Rússia, Oriente Médio, China, Índia e Indonésia- e responsáveis por produtos.
"Nesta fase do sistema financeiro internacional, o capital está escasso e caro e precisamos definir prioridades de atuação nos emergentes", afirma. O comitê, que vai se reportar diretamente ao comitê executivo do banco, vai trocar experiências em estratégia de gestão e melhores práticas, além de definir oportunidades de negócios, de forma a dar "mais consistência à atuação do banco nos emergentes". Visa ainda ajudar a conectar clientes e o pessoal do próprio banco e definir inclusive limites de capital.
Quintella continua como presidente do banco no Brasil, mas deixa, no entanto, de acumular a responsabilidade pela divisão de banco de investimento no país. A mudança gerou muita especulação no mercado, inclusive de que o executivo estaria saindo do banco. "Vou ficar mais tempo no avião e precisava reduzir o número de pessoas que reportavam para mim no Brasil", justifica Quintella. Eram 20 pessoas e agora serão 13. A chefia da área de banco de investimento agora passa a ser dividida por José Olympio Pereira, ex-responsável pela área de finanças corporativas, e por Marcelo Kayath, ex-responsável pela área de vendas e pesquisa de renda variável.