Fábio Augusto Cantizani Barbosa, um dos sócios-fundadores da Stone, era ex-vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios do BB e membro do Conselho de Administração do banco
A atual derrocada da Stone Meios de Pagamentos – que viu suas ações caírem 88% até a semana passada, perdendo US$ 25,6 bilhões (R$ 132 bilhões) em valor de mercado – confirma o quão certeiro foi o pedido do Ministério Público (MP) ao Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar irregularidades da gestão de Rubem Novaes no Banco do Brasil. Está é a opinião do coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, ao observar que Fábio Augusto Cantizani Barbosa, um dos sócios-fundadores da Stone, era ex-vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios do BB e membro do Conselho de Administração do banco. “Por si só, isso é conflito de interesses”, afirmou o coordenador da CEBB ao lembrar que, desde sua chegada, Cantizani Barbosa implementou ações pouco alinhadas aos objetivos estratégicos do banco.
Entre as ações apontada pelo MP em sua denúncia enviada ao TCU estão: “direcionar contratos para aquisição de software, hardware e prestação de serviços em TI; abrir os códigos-fonte de sistemas corporativos fundamentais aos negócios (core), expondo-os a programadores externos ao banco (open source), sem regras e procedimentos de proteção a riscos e violações de segredos de informação e de negócios, apesar das resistências do Diretor de Tecnologia (não sabemos se teve êxito); opor-se ao ex-Vice-presidente Marcelo Labuto para ter sob sua responsabilidade direta as Diretorias de Meios de Pagamento e de Negócios Digitais, o que de fato aconteceu em dezembro de 2019, garantido maior área de influência e ‘oportunidades negociais’ para ele e seu grupo”.
“Algumas dessas ações, alinhadas principalmente com o encerramento do Comitê da Unidade Auditoria do banco, órgão responsável pelas investigações de denúncias contra funcionários do banco, foram explicados agora. A todo momento, ele queria entender os processos e enfraquecer o banco internamente, em prol da sua empresa”, apontou Fukunaga. “Isso é só mais uma amostra do que é o Governo Bolsonaro, que quer acabar com a soberania nacional, para enriquecimento próprio, através de privatizações e aberturas de mercados para empresas internacionais”, completou.
Alerta para fintechs do Brasil
Depois de abalar o setor de pagamentos brasileiro, a Stone procurou focar no que prometia ser uma operação ainda mais lucrativa: crédito. Ao longo dos últimos anos, a empresa começou a emprestar para pequenos e médios negócios no Brasil todo. Mas, a companhia subestimou os riscos e a inadimplência explodiu, forçando a Stone a interromper a originação de crédito no ano passado. Desde então, os problemas têm crescido. E os investidores, ficado cada vez mais impacientes. “Pequenas e médias empresas é um dos principais Know How do Banco do Brasil. Ter o Fábio Cantizani lá dentro foi para desmontar o Banco do Brasil, através de aquisição de clientes do banco. Por isso ele queria todo o acesso a isso, para desmontar o banco por dentro. A privatização também é um desmonte interno do Banco do Brasil. Entregar para a iniciativa privada o Know How e a carteira de clientes do banco é também um desmonte. Temos que defender o banco contra os ataques deste governo e contra os candidatos que têm pregado a privatização do Banco do Brasil”, finalizou.
Fonte: Contraf-CUT