Ah, se fora somente um Furiba… Mas é um Furiba valente, que desafia a morte e estica a corda da vida. Um João, que não é um mero João, mas é um João homérico. É um Furiba poeta, é um João Furiba de ouro e de mel.
Simplesmente um João? Qual nada. Um João como o Furiba é baú de sonhos, terreiro de alegrias. Um João que namora a vida, um João que desdenha da morte. Pode até lhe parecer um Davi peitando Golias. E é mesmo. É um lutador de viola na mão.
Navegador dos açudes rachados, um carpinteiro de versos que nasceu para voar. Tão leve que o vento leva, é esse o João que a gente quer. Um João de ouro, um João de Prata. Um João que combina com a morte, para poder namorar mais a vida. João das purezas, João dos luares. O João que se adjetiva, um João que se doura.
Esse é nosso João Furiba, furibando a solidão. Ah, se houvessem mais Furibas. Ah, se fosse fácil sê-lo. Mas num é não, seu moço.
Ser João Furiba não é para qualquer um. Porque a pureza e a alegria não se vendem nem se compram. Fiquem sabendo que anjos como João e anjos como Furiba; quando sobem é Deus quem manda. Porque Deus né bobo não. E Deus quer ter Furiba cantando sua canção, nos alpendres do Paraíso, onde a bondade deu o braço pra coragem, e se assentou no coração.
Crônica de Ricardo Anísio, poeta, jornalista e crítico musical.