Edu Guimarães
O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, avaliou o momento atual e as mobilizações necessárias para barrar o avanço dos ataques com as reformas da Previdência, Trabalhista e a terceirização irrestrita.
Também convocou os metalúrgicos do ABC a cobrarem os deputados federais e senadores a votarem contra a retirada de direitos.
A CUT e todas as centrais sindicais brasileiras divulgaram o calendário de luta para intensificar o trabalho de pressão ao governo e aos parlamentares no último dia 5. Confira a entrevista do secretário-geral da CUT à Tribuna:
Tribuna Metalúrgica – Como está a mobilização das centrais sindicais em Brasília?
Sérgio Nobre – Todas as centrais sindicais definiram o calendário de lutas em reunião na semana passada. Para esta semana decidimos um plantão no Congresso Nacional para conversar com os parlamentares.
No Senado, onde tramita a reforma Trabalhista, a maioria dos senadores não tem a menor relação com o mundo do trabalho e têm dificuldades de entender o que são essas mudanças.
É importante conversar e mostrar a crueldade que as reformas representam.
TM – O governo tenta agilizar a tramitação das reformas. O que será feito?
SN – No dia 17, haverá um grande reforço nesta pressão em Brasília. Ao perceber que a informação de que as reformas são para reduzir direitos está chegando ao povo, o governo quer aprová-las rapidamente. Inclusive passar por cima de regimentos e dos trâmites normais, para votar o mais rápido possível enquanto a sociedade ainda não se rebelou totalmente. Por isso, estaremos todos juntos para impedir qualquer manobra.
No dia 24, está confirmada a Marcha e Ocupação de Brasília para exigir respeito. A chance de derrotar as reformas é pressionar os parlamentares.
TM – Os trabalhadores podem ajudar na pressão aos deputados e senadores?
SN – A Greve Geral do dia 28 de abril foi uma demonstração muito importante de luta, a maior da história do Brasil. A mobilização do dia 24 também será. E agora nada será mais importante do que cobrar os parlamentares, ligar, mandar emails e mensagens para dizer que está acompanhando o voto.
Tem que falar que se votarem contra os trabalhadores, não vamos nos esquecer das caras e não vamos mais votar neles. É isso que tem funcionado, é entupir de mensagens e deixar claro que se as reformas passarem, eles serão responsáveis e lembrados pelo desmonte dos direitos.
TM – O que mais pode ser feito para barrar os ataques?
SN – A categoria tem que estar organizada e participar das mobilizações. O pessoal tem que ajudar a discutir em suas casas, com a família, nas igrejas e locais que frequenta. Temos que mostrar para todos que as reformas retiram direitos e que vamos voltar ao período anterior a Getúlio Vargas.
As reformas representam o fim dos direitos sociais e trabalhistas e a destruição de todo o sistema de proteção social construído ao longo de 100 anos. Após a Marcha em Brasília, vamos avaliar o cenário e, se for necessário, anunciar uma nova greve geral ainda maior.
TM – Durante as discussões e votações, a população foi impedida de entrar no Congresso. Como você avalia essa situação?
SN – Mostra que o período de democracia acabou. Foram várias restrições de acesso e tentam no Congresso, que deveria ser a casa do povo, empurrar goela abaixo os desmandos. Não vamos permitir.