Os trabalhadores e as trabalhadoras não podem pagar pela crise do capitalismo
Acompanhando os números do nível de emprego no mundo é possível constatar que, apesar de muitos países terem experimentado uma forte recuperação do crescimento econômico em 2010, o desemprego mundial alcançou 205 milhões de pessoas, quase o mesmo que em 2009, e 27,6 milhões a mais que em 2007, nas vésperas da crise mundial do capitalismo. A OIT prevê uma taxa de desemprego mundial de 6,1 por cento em 2011, o que equivale a 203,3 milhões de pessoas desempregadas.
Na atual realidade de desregulação de transações financeiras, onde os títulos das bolsas de valores não estão submetidos ao controle dos Estados, diferente de títulos de propriedade de imóveis que toda vez que mudam seu proprietário, o comprador é obrigado a recolher ao Estado um imposto por esta transação.
A Central Única dos Trabalhadores do Brasil – CUT, juntamente com a Confederação Sindical Internacional – CSI-ITUC, a Confederação Sindical das Américas – CSA e outras centrais sindicais de vários países, têm defendido a necessidade de colocarmos a economia financeira a serviço da economia real. Este é um passo crucial para construirmos uma economia global que responda às necessidades humanas.
Frente a esta realidade de crise global, defendemos a adoção imediata de mecanismos de regulação efetiva e adequada do mercado e seus atores financeiros através do estabelecimento de um imposto internacional sobre transações financeiras – ITF.
A adoção do ITF poderia, em nossa análise, auxiliar a países com alto índice de pobreza, que registram a ocorrência de doenças como o HIV/AIDS. Além disso, auxiliar na implementação e financiamento de ações concretas de mitigação e adaptação as mudanças climáticas e em medidas para construção de uma economia de baixo carbono, baseada na justiça social.
Entendemos que o atual governo brasileiro deve seguir a defesa que o governo anterior, na gestão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, vinha realizando dentro do G20 da adoção da ITF, para erradicar a fome e combater a pobreza.
Nos somamos aos movimentos e organizações sociais brasileiros e internacionais na campanha pela regulação das transações financeiras internacionais. Queremos que o sistema financeiro assuma responsabilidade junto à sociedade e deixe de sugar as economias dos governos, comprometendo as políticas públicas.
A CUT está trabalhando ativamente nos processos preparatórios para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20) que acontecerá no Rio de Janeiro em junho de 2011. A criação de uma pequena taxa seria um grande passo para o financiamento de medidas que levem à criação de empregos de qualidade e que proporcionem o desenvolvimento sustentável.
Conclamamos as organizações e movimentos sociais a participar do chamado global pela adoção do ITF pelos estados membros do G20, no próximo dia 22 de junho. Escrevam artigos, enviem mensagens ao governo brasileiro apresentando estas propostas incentivando mais organizações a se envolverem nesta luta!
São Paulo, 20 de junho de 2011.
Artur Henrique da Silva Santos
Presidente da CUT
João Antonio Felício
Secretário de Relações Internacionais da
Fonte: CUT