Crédito: Antonio Cruz – Agência Brasil
Cerca de 200 lideranças sindicais, parlamentares e representantes da sociedade civil reunidos na sede da CUT-DF na tarde desta segunda-feira (30) deliberaram pela unificação e mobilização geral da sociedade para pressionar a saída do governador do DF, José Roberto Arruda, e seu vice, Paulo Octávio, do GDF.
O grupo recebeu o nome de "Movimento contra a corrupção" e afirmou que ainda pedirá a punição de todos os envolvidos no escândalo de arrecadação e pagamento de propina no governo local.
Para o presidente do PT-DF, Chico Vigilante, a movimentação ilegal de dinheiro no governo do DEM do DF "não é novidade". Chico Vigilante ainda informou que o "Movimento contra a corrupção" não aceitará qualquer tipo de arranjo para ocupar o governo do DF. "Quem estava se lambuzando não pode bancar de moralista", discursou.
"Este governo não tem diferença do governo Roriz. Esta é uma organização criminosa", avaliou o deputado distrital, Paulo Tadeu (PT). Para o senador Cristovam Buarque (PDT) "a autonomia do DF está ameaçada". O senador ainda informou que convocará uma CPI (Comissão de Inquérito Parlamentar) na Casa para apurar o escândalo.
As denúncias do esquema de propina fizeram com que o PPS, PDT e PSB, partidos da base aliada do governo Arruda, anunciassem a entrega dos cargos que ocupam na administração.
Ações
Durante a reunião desta segunda, foi definida a realização de um ato nesta quarta-feira (2/12), em frente a Câmara Legislativa do DF, às 14h, quando será protocolado o pedido de impeachment contra Arruda e Paulo Octávio. Já no dia 9 de dezembro, às 10h, os manifestantes se reunirão na Praça do Buriti para realizar ato unificado contra a corrupção. "Nós construiremos o maior movimento de rua do DF e não pararemos até dissolvermos esta quadrilha", afirmou a presidente da CUT-DF, Rejane Pitanga.
Entenda o caso
Na última sexta-feira (27), a Polícia Federal deu início à operação "Caixa de Pandora", organizada para apurar denúncias de arrecadação e recebimento de propina no governo do Distrito Federal. A denuncia foi feita pelo ex-secretário de Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa, que, além de ceder filmagens que comprovam o esquema, afirmou que o governador local, José Roberto Arruda, coordenava o destino do dinheiro obtido através de contratos superfaturados firmados com empresas específicas.
De acordo com Durval, o esquema começou ainda no governo passado, de Joaquim Roriz. O caso, que envolve ainda o vice-governador, Paulo Octávio, secretários de governo, assessores e deputados da base aliada, consistia em distribuir uma mesada para deputados distritais e recursos para empresários, secretários do governo e dívidas pessoais do governador do DF.
Até agora, a PF apreendeu mais de R$ 760 mil em buscas realizadas em Brasília, Goiânia e Minas Gerais.
Passado e presente comprometido
Em 2001, o então senador José Roberto Arruda renunciou ao cargo depois de assumir o envolvimento na violação do painel do Senado após a votação da cassação do ex-senador Luiz Estevão.
O primeiro discurso de Arruda foi em sua defesa, quando o então Senador chegou a chorar em plenário. Com as evidências do caso, Arruda voltou atrás e resolveu assumir o envolvimento no caso para não correr o risco de ser cassado.
Rabo preso
Durval Barbosa era secretário de Relações Institucionais do DF no governo Arruda e também foi presidente da Codeplan durante o governo Roriz. A denúncia foi feita em contrapartida da redução de pena em caso de condenação do ex-secretário, que tem mais de 30 processos na Justiça.
Fonte: CUT-DF