Para a CUT aumentar a taxa básica de juros, mesmo diante de um cenário de queda da inflação e de melhoria dos indicadores macroeconômicos, demonstra por parte do BC, uma polítIca que impede o desenvolvimento
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) expressa sua indignação com a decisão da 265ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), sob o comando de Roberto Campos Neto, de aumentar em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), passando de 10,5% para 10,75%, interrompendo o processo recente de queda e apontando para um novo ciclo de aumentos consecutivos da taxa de juros. Essa decisão atende apenas ao mercado, e prejudica a vida da classe trabalhadora.
A decisão do Copom de aumentar a taxa básica de juros, mesmo diante de um cenário de queda da inflação e de melhoria dos indicadores macroeconômicos, demonstra por parte do Banco Central, uma política monetária impeditiva do desenvolvimento do país, beneficiando apenas uma minoria de especuladores e rentistas, e causando imenso prejuízo aos trabalhadores e trabalhadoras que trabalham, produzem, comercializam, prestam serviços e têm sua vida fortemente impactada pelas extorsivas taxa elevadas de juros.
No mesmo dia da decisão do Copom, os Estados Unidos anunciaram corte de 0,5% fixando a sua taxa de juros na faixa de 4,75 e 5% ao ano e, hoje, o Banco Central da Inglaterra anunciou a decisão de manter a sua taxa em 5%. Enquanto no Brasil a taxa de juros segue alta e retoma ciclo de elevação, em outros países de economia forte, os juros estão em patamares muito menores e seguem ritmo de redução. Realidade que confirma a política monetária de Campos Neto como uma forma de boicote do desenvolvimento do país, fazendo do Brasil o 2º país com maiores juros reais do mundo, impedindo o investimento produtivo e a geração de mais postos de trabalho.
O aumento da taxa Selic impactará diretamente nas contas da União obrigando o Governo Federal a aumentar em 13 bilhões os gastos com juros dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional (considerando Governo Federal, estado e municípios), de acordo com cálculos do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese). Se por um lado, o aumento da taxa Selic impõe o aumento dos gastos da União com o pagamento de juros, por outro lado, esse aumento obriga o governo a reduzir investimentos produtivos para a geração de emprego e renda e reduzir recursos para investir em saúde, educação, desenvolvimento científico, moradia e outras políticas públicas.
A justificativa utilizada pelo Banco Central para aumentar a taxa básica de juros como medida para conter a inflação não se comprova na prática, uma vez que a taxa de inflação está em 4,24%, dentro do intervalo de tolerância estabelecido para o país em 2024. Além disso, ao aumentar a taxa de Selic, o BC gera o efeito contrário ao anunciado de conter inflação, pois impulsiona um movimento de insegurança e de especulação financeira, logo, aumenta o custo de dívida das empresas e dos cidadãos. Ou seja, sob o comando de Campos Neto, ganham os especuladores e rentistas, perde o povo brasileiro com menos investimentos em políticas públicas, encarecimento de empréstimos e redução da capacidade de consumo, afetando fortemente a geração de empregos.
Enquanto o país enfrenta uma crise climática sem precedentes, com incêndios, secas e estiagem em diversos pontos do território nacional, o Banco Central demonstra que sua autonomia tem sido em relação ao povo brasileiro e em benefício de uma minoria que vive do lucro. Ao aumentar a taxa Selic e obrigar a União a destinar recursos públicos para pagamento de juros de títulos públicos, o BC impede que esses recursos sejam disponibilizados para combater os incêndios, proteger os biomas, assegurar condições dignas para trabalhadores e trabalhadoras diretamente atuantes nessas ações e cuidar com dignidade de pessoas que estão enfrentando secas e estiagem.
A Central Única dos Trabalhadores manifesta, mais uma vez, seu veemente repúdio à decisão do Banco Central de aumentar para 10,75% a taxa básica de juros, reforça a necessidade da saída imediata de Roberto Campos Neto por seu constante boicote ao desenvolvimento do país e que a nova gestão do Banco Central inaugure um novo ciclo de política monetária com juros baixos e comprometida com o desenvolvimento do país. Conclamamos toda a base da CUT, todas as organizações da sociedade brasileira e poderes constituídos a se manifestarem pela redução da taxa Selic, para que o Brasil possa se desenvolver, para que a União possa ter recursos para atuar nesse momento de crise climática e para que trabalhadores e trabalhadoras não sejam prejudicados.
Se é importante para a vida do povo brasileiro, é uma luta da CUT.
São Paulo/SP, 19 de setembro de 2024.
Direção Executiva Nacional da CUT