Alfredo Sáenz, executivo-chefe do Santander e número dois do presidente-executivo Emilio Botín, poderá ser obrigado a demitir-se como resultado de uma iminente decisão judicial numa longa batalha judicial em que é réu.

O jornal espanhol "El Mundo" relatou ontem que o Supremo Tribunal decidiu, em votação majoritária, rejeitar um recurso contra a condenação de Sáenz em dezembro de 2009, por fazer falsas acusações quando dirigia o banco Banesto – embora o próprio tribunal ainda não tenha tornado público seu veredicto.

A punição seria uma sentença de prisão de oito meses com efeito suspensivo, uma multa e a proibição de trabalhar no setor bancário.

O Santander, maior banco da zona euro em capitalização de mercado, não quis comentar sobre o caso, embora já estivesse esperando uma decisão há semanas. Acredita-se que Sáenz, caso seu apelo à Suprema Corte seja rejeitado, apelará ao Tribunal Constitucional, uma instância superior.

O caso diz respeito a uma tentativa de Sáenz e de outros executivos da Banesto de cobrar dívidas depois que o banco central assumiu o controle da instituição em 1993, e eles estavam tentando restaurar suas finanças.

Sáenz foi acusado de envolvimento numa tentativa de obrigar os acionistas minoritários de um grupo denominado Harry Walker a pagar empréstimos no valor de 3,8 milhões (US$ 5 milhões) alegando falsamente que os minoritários haviam garantido os créditos.

O caso de Sáenz sinaliza uma mudança no comando do Santander. Ele tem 67 anos, ao passo que Botín tem 76. Ana Patricia Botín, filha de Botín e potencial sucessora, recentemente tomou posse como chefe de operações do Santander no Reino Unido.

O caso também é um exemplo do funcionamento lento e opaco do sistema judicial espanhol, em que são comuns vazamentos de documentos e de decisões iminentes para a imprensa. Em julho de 2009, César Alierta, presidente da Telefónica, foi absolvido de acusações de que realizara negócios baseados em informações privilegiadas, depois que um tribunal decidiu que muito tempo havia transcorrido entre o alegado delito e o início do processo judicial.

Alierta, que negou irregularidades, foi acusado de conspirar em 1997 para tirar proveito da informação a ele disponível quando presidira a Tabacalera, companhia estatal no setor de tabaco.

O BBVA, segundo maior banco da Espanha com ações em bolsa e concorrente do Santander, disse em nota sobre o caso Sáenz que vê "margem limitado para recurso dessa sentença".

Fonte: Financial Times / Mallet Victor, de Madrid

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