Pela primeira vez, a irresponsabilidade social dos bancos pode voltar-se contra eles – São Paulo – O terrorismo promovido pelos bancos brasileiros em relação à crise econômica internacional pode revelar-se um "tiro no pé". Embora o setor continue batendo recorde de lucratividade, as declarações e, principalmente, as ações dos banqueiros podem prejudicar as próprias instituições financeiras. O maior reflexo disso pode ser visto na Bolsa de Valores de São Paulo, onde as ações do setor bancário encontram-se em queda livre, enquanto a própria Bovespa destaca-se pela elevação dos ganhos.

Para o presidente do Sindicato dos Bancários, Luiz Cláudio Marcolino, os papéis das maiores instituições financeiras do país estão no vermelho por causa da preocupação com a crise demonstrada pelos próprios bancos. Apesar de os balanços já divulgados apresentarem lucro, a queda das provisões para o crédito e as demissões, por exemplo, são sinais de que as instituições financeiras estão preocupadas com 2009.

"O feitiço está virando contra o feiticeiro", comenta Marcolino. Para ele, os bancos seguem lucrativos e deveriam promover ações que contribuíssem para que o Brasil supere a crise internacional. "Em vez disso, diminuem o crédito, aumentam os spreads e prejudicam toda a sociedade. Os banqueiros vão a público e usam a crise como desculpas para aumentar o lucro e para demitir. Só que o mercado ficou temeroso e as ações das maiores instituições financeiras caíram", diz.

Enquanto a Bovespa acumula valorização de 10,98% no ano, os grandes bancos amargam queda em suas ações. Mesmo com o pregão favorável de sexta-feira, as ações units do Unibanco caíram 3,34% no ano. O Banco do Brasil ON tem baixa de 3,07% e o Itaú PN perde 1,91% no período. Quem está menos pior são os papéis preferenciais do Bradesco, que, após subirem 3,35% na sexta, passaram a ter leve baixa de 0,05% no ano. A ação preferencial do Santander, que atualmente quase não é negociada nos pregões, registra a queda mais forte, de 7,14%.

Em 2008, as ações ordinárias do BB perderam 49,05% de seu valor. Para as ações preferenciais do Bradesco, a depreciação no ano passado foi de 37,05%; Unibanco UNT perdeu 36,72%; e Itaú PN recuou 24,86%.

O setor financeiro representa cerca de 13% do Ibovespa – o principal índice da Bolsa. Dessa forma, se o segmento estivesse com um desempenho melhor, a Bovespa estaria com um resultado mais forte no ano.

Fonte: Fábio Jammal Makhou, com Folha Online