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A comprovação de um possível crime federal não apenas traria a PF para investigar parte dos casos de novo como reacenderia a discussão sobre quem tem a competência para julgar as denúncias criminais: Justiça Estadual ou Federal?
O primeiro round deste debate favoreceu a Justiça Estadual do Paraná. Em junho, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), trancou a investigação por interpretar que o escândalo dos Diários Secretos tinha conexão com o caso Gafanhoto – denúncia mostrada em 2008 pela Gazeta do Povo em que um único servidor recebia o salário de até 16 funcionários. Toffoli viu similaridade entre os casos.
E, como no esquema Gafanhoto existia a suspeita de participação de atuais deputados federais, com foro privilegiado, Toffoli paralisou a investigação criminal no âmbito estadual. Em 26 de agosto, a decisão foi revista pelo próprio ministro, que voltou atrás na decisão.
Caso haja uma nova discussão sobre a competência na apuração das denúncias, a Corte máxima poderá tomar três caminhos: determinar que a Justiça Estadual fique com todo o caso; que todas as denúncias fiquem na Justiça Federal; ou, numa terceira alternativa, desmembrar o inquérito, fazendo com que as duas esferas do Poder Judiciário trabalhem ao mesmo tempo. Neste último caso, a PF investigaria tão somente a suspeita de crimes federais e o Ministério Público Estadual os supostos crimes de natureza estadual.
O MP já solicitou uma cópia do procedimento interno do HSBC, que deve ser remetido até o fim da semana que vem. Ontem, o presidente do sindicato de bancários de Curitiba e região metropolitana, Otávio Dias, disse que um dos funcionários demitidos por justa causa pelo HSBC nem sequer sabe o motivo do desligamento. "Eles foram ouvidos na sindicância e simplesmente informados da demissão", disse, citando que o sindicato foi procurado para dar assessoria jurídica.
A reportagem da Gazeta do Povo procurou novamente o HSBC para saber mais sobre as demissões, mas a assessoria disse que não podia passar outras informações sobre o caso.
Julgamento
Segundo denúncias do MP, os recursos foram desviados por uma quadrilha chefiada pelo ex-diretor-geral da Assembleia Abib Miguel, o Bibinho, e contava com a participação dos ex-diretores José Ary Nassiff (administrativo) e Cláudio Marques da Silva (de pessoal).
Hoje começa o julgamento dos ex-diretores na ação em que respondem por quatro crimes – um deles pelo desvio de R$ 13,2 mi lhões. O julgamento deve durar cinco dias, pois são 92 testemunhas – 65 arroladas só por Bi binho, que não vai à audiência por questões médicas.
A ausência deve reduzir o julgamento. A juíza Ângela Ramina deve marcar outra data para ouvir Abib Miguel e as suas testemunhas. Nassiff arrolou 10 testemunhas e Marques da Silva outras seis – todos funcionários da diretoria de pessoal.
Fonte: Gazeta do Povo / KARLOS KOHLBACH