Nesta quarta-feira, dia 29 de janeiro, é celebrado o Dia da Visibilidade Trans, uma data para destacar as conquistas e desafios enfrentados pela população trans e travesti. Embora o dia seja uma oportunidade para refletir sobre a importância de respeitar e valorizar as identidades de gênero, ele também nos convoca a olhar para as dificuldades diárias de um povo ainda marcado pela violência, pela falta de oportunidades e pela discriminação em diversas esferas da sociedade.
Em 2024, o Brasil registrou 122 assassinatos de pessoas trans e travestis, de acordo com o Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Embora o número tenha apresentado uma redução de 16% em relação ao ano anterior, o país continua sendo, pelo 17º ano consecutivo, o líder mundial em assassinatos de pessoas trans. Desses 122 casos, 117 eram mulheres trans e travestis, e cinco eram homens trans. A violência contra pessoas trans no Brasil segue sendo uma epidemia silenciosa, com grande parte dos assassinatos ocorrendo na região Nordeste, que concentrou 41% dos casos.
Além dos números alarmantes, é importante destacar que o cotidiano dessas pessoas no Brasil é permeado por desafios estruturais, que vão desde a exclusão do mercado de trabalho até o preconceito diário enfrentado em espaços públicos, instituições de ensino e até mesmo no atendimento à saúde. No Brasil, a taxa de desemprego entre pessoas trans é alarmante. A discriminação nas entrevistas de emprego, muitas vezes velada, impede que muitas dessas pessoas consigam uma colocação formal, forçando muitas a se submeterem a condições precárias de trabalho, como a prostituição, uma das poucas alternativas de sustento.
Em um cenário de escassez de oportunidades, as pessoas trans se veem forçadas a lutar não só pela sua sobrevivência financeira, mas também pela sua própria dignidade. Em muitas situações, enfrentam resistência até mesmo para ter seu nome social respeitado, seja no ambiente profissional, nas escolas ou no sistema de saúde. No entanto, essa população também tem se mostrado resiliente e criativa ao criar redes de apoio, projetos e iniciativas que visam promover inclusão e direitos.
O Dia da Visibilidade Trans é também uma data para celebrar as vitórias da comunidade trans e travesti. Nos últimos anos, temos visto avanços importantes em termos de representatividade, especialmente nas artes, na mídia e na política, com o aumento do número de pessoas trans ocupando espaços de destaque. No entanto, essa visibilidade, embora essencial, também expõe ainda mais as vítimas da intolerância e da violência.
É fundamental que a sociedade reconheça a importância de criar um ambiente seguro e inclusivo para todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero. O futuro de um Brasil mais justo e inclusivo só será possível quando a luta contra o preconceito e a violência, bem como pela garantia de oportunidades e direitos para as pessoas trans, for abraçada por todos. Que este dia seja mais um passo na construção de um país mais igualitário para todos, sem exceções.
rg