A presidente Dilma Rousseff continuou a bater nos juros dos bancos nesta sexta-feira (13). Ela disse que o Brasil precisa colocar os juros e os spreads (lucros dos bancos com juros) no nível dos "padrões internacionais". Ela fez a declaração no evento que lançou o Programa de Apoio à Competitividade da Indústria Brasileira, na Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, um dia após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter criticado os bancos.
Dilma alertou também que é preciso impedir que mecanismos de combate à crise adotados pelos países desenvolvidos levem a uma valorização do câmbio brasileiro, tornando a indústria e as empresas de serviços do país "presas fáceis" de um processo de "desconstituição" e "canibalização".
Ela também citou a carga tributária brasileira, alvo constante de críticas dos empresários brasileiros, que a apontam como excessivamente elevada. "O Brasil tem hoje certas estruturas tributárias que são muito pesadas para serem carregadas num processo de desenvolvimento sustentável".
Aliado a essas questões, a presidenta disse que a produtividade e a inovação são temas fundamentais para o crescimento do país e assumiu o compromisso de modernizar o Instituto Nacional de Propriedade Industrial e melhorar o registro de patentes. "Tenho certeza que nossa flexibilidade, nossa capacidade de inovação, transformará nosso país num dos grande celeiros de inovação do mundo", observou.
No discurso, Dilma lembrou ainda que é preciso fazer com que o país cresça de forma acelerada sem gerar inflação e disse que o aumento de produtividade é um caminho para isso. "Aumento de produtividade diminui pressão inflacionária", disse.
A presidenta conheceu, na sede da CNI, o Programa de Apoio à Competitividade da Indústria Brasileira que prevê a ampliação da atuação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) nas áreas de invocação tecnológica e educação profissional para a indústria.
O investimento total na ampliação é de R$ 1,9 bilhão, do quais R$ 1,5 bilhão é financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, apoiou a estratégia do governo de pressionar as instituições financeiras para que haja redução dos juros no país. Segundo ele, o setor poderá investir mais em produtividade e em qualificação.
Andrade destacou também que, atualmente, o registro de patentes é demorado e é preciso melhorar a avaliação dos pesquisadores no país. Segundo Andrade, atualmente os pesquisadores são avaliados pelo que escrevem e não pelo registro de patentes. "É preciso melhorar a avaliação. No mundo inteiro, quem registra patente fica rico", destacou.
Batalha para baixar juros
Nos últimos dias, o governo federal tem travado uma batalha para baixar os juros. Na última semana, sob determinação do governo, os bancos oficiais (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) derrubaram os juros para tentar influenciar o restante do mercado.
Na terça-feira (10), os bancos privados reclamaram das medidas. Eles fizeram uma reunião no Ministério da Fazenda, cobraram uma dívida de R$ 300 milhões da Receita Federal e pediram menos impostos para só depois cortarem os juros.
Na quinta-feira (12), Mantega, criticou os bancos, dizendo que eles ganham muito e têm margem para cortar os juros.
O Banco do Brasil anunciou no dia 4 um conjunto de medidas para reduzir as taxas de juros das principais linhas de crédito para pessoas físicas e micro e pequenas empresas.
Para financiamento de bens e serviços de consumo – por exemplo, eletrônicos, computador, materiais de construção e pacotes de viagem – os juros médios serão reduzidos em 45%.
Já o financiamento de carros, com crédito pré-aprovado e sem tarifas embutidas, terá queda de pelo menos 19%, segundo o BB. O cliente poderá financiar a aquisição de um veículo com taxa de juros a partir de 0,99% ao mês.
O BB vai também aumentar em R$ 26,8 bilhões os limites de crédito para micro e pequenas empresas, e em R$ 16,3 bilhões os limites para pessoas físicas.
No dia 9 (segunda-feira passada) foi a vez de a Caixa Econômica Federal anunciar um corte nos juros em uma série de linhas de financiamento, seguindo a decisão anunciada na semana passada pelo Banco do Brasil.
O juro do cheque especial foi cortado em até 67%, para 4,27% ao mês, enquanto as linhas de crédito rotativo de cartão de crédito foram cortadas em 40%, para 9,47%, e nos financiamentos consignados houve diminuição de 34%.
Fonte: UOL Notícias e Agência Brasil