Dilma Rousseff e Michelle Bachelet no evento entre mulheres chefes de Estado, durante Rio+20
"A participação das mulheres nos mercados de trabalho deve ser acompanhada pelo correspondente engajamento dos homens nas atividades domésticas e no cuidado não remunerado dos filhos. Um trabalho invisível, mas que precisa ser compartilhado e reconhecido, inclusive como contribuição para a economia", defendeu a presidenta.
Ao lado de Michelle Bachelet, ex-presidenta do Chile, primeira mulher a presidir um país na América Latina e, atualmente, secretária da ONU Mulheres, Dilma ressaltou a necessidade de antecipar os desafios emergentes para evitar que novas formas de desigualdade se consolidem. Para ela, as mulheres são a face principal da pobreza no mundo, junto com as crianças.
Dilma destacou as decisões brasileiras de incentivar a igualdade de gêneros, transferindo às mulheres a prioridade nos programas sociais. "As mulheres são guardiãs dos conhecimentos tradicionais, mas também são capazes de aplicar práticas sustentáveis", disse. A presidenta citou o programa de transferência de renda, o Bolsa Família, como um dos exemplos, pelo fato de o programa social ter 93% de seus cartões em nome de mulheres.
Bachelet disse que o desafio para um futuro melhor passa por garantir os direitos das mulheres. "Quando elas tomam proveito de oportunidades iguais, a pobreza, a fome reduzem, e a economia melhora. Isso cria uma sociedade mais saudável e mais sustentável."
Os direitos das mulheres foram o tema na terça-feira (19) de um dos impasses a respeito do documento final que nortearia as negociações da Rio+20. O Brasil, que preside a conferência, teve de retirar do texto a expressão "direitos reprodutivos" por pressão de países com forte tradição religiosa.
Dilma fez apenas breve citação sobre o tema que já lhe causou muito desconforto: "No Brasil, estamos investindo para superar dificuldades e precariedades no acesso aos serviços públicos de saúde, com pleno exercício dos direitos sexuais e reprodutivos, inclusive o planejamento familiar, a gestação, o parto, o puerpério, com assistência de qualidade".
Estiveram presentes na abertura da cúpula também a presidenta da Costa Rica, Laura Miranda, da Lituânia, Dalia Grybauskaité, e as primeiras ministras da Jamaica, Portia Simpson, e da Austrália, Julia Gillard.
Fonte: Rede Brasil Atual / Virginia Toledo