A atuação de Dilma, que deve estar no Rio Grande do Sul dia 26, e da bancada governista está sendo articulada pela Secretaria Geral da Presidência, principal interlocutora dos movimentos sociais desde a administração Lula.
A exemplo do que fizera o padrinho e antecessor em 2008 e 2009, quando explodiu a crise financeira internacional que até hoje produz consequências, Dilma toma decisões de enfrentamento da crise privilegiando a geração de emprego e renda. É uma aposta no mercado de consumo de massa que, há três anos, já se mostrara capaz de proteger o país das turbulências externas.
"Os governos Dilma e Lula partem do pressuposto de que não se pode desestruturar a parcela da população que vive do trabalho para combater os efeitos da desestabilização econômica", diz Diogo de Sant’Ana, assessor especial de Assuntos Internacionais da Secretaria Geral.
A postura brasileira contrasta com as saídas que estão sendo aplicadas no epicentro da crise, a Europa, onde países com problemas na dívida pública se inclinam para soluções ortodoxas – corte de gastos e de direitos trabalhistas, redução de salários.
A política econômica brasileira também deverá ser debatida pela presidenta com chefes de Estado e governo e personalidades internacionais que eventualmente participem do Fórum.
Segundo Sant’Ana, as ações de combate à miséria, incluindo políticas de assistência social como o Bolsa Família e demais ações integradas do programa Brasil Sem Miséria, entram na pauta por se constituírem, muito mais do que programas específicos, em diretrizes estruturantes do governo.
"Queremos defender que não é possível promover o desenvolvimento sustentável sem combater à pobreza e garantir condições de vida dignas à população", acrescenta.
Com os olhos nestes dois pressupostos, o governo debaterá as propostas brasileiras para a Rio+20, buscando aparar as arestas que ainda encontram resistência na sociedade civil organizada. O texto base com as propostas brasileiras foi enviado à Organização das Nações Unidas (ONU) em novembro, como fizeram todos os países. Mas o documento ainda estará sujeito a negociações até a abertura da Conferência, em junho.
"Nós sabemos que temas polêmicos irão surgir durante o debate, mas todas as conversas que mantivemos com o comitê organizador do evento nos levam a acreditar que será possível construir este consenso", afirma Sant’Ana.
Segundo o diretor de Participação Popular da Secretaria Geral, Pedro Pontual, a expectativa favorável à construção do consenso está embasada no fato de que as propostas que constam no documento oficial do governo brasileiro já vinham sendo largamente discutidas com a sociedade civil.
"No ano passado, o governo participou de um processo de debates que envolveu mais de 70 instituições e redes, convocado justamente para construir este nível de consenso", diz Pontual.
Fonte: Najla Passos – Agência Carta Maior