Com a decisão de manter boa parte da equipe que trabalhou na gestão Lula, a presidente eleita Dilma Rousseff se beneficiará de propostas que, inicialmente, seriam lançadas neste ano, mas foram atropeladas pela campanha eleitoral e, agora, ganharão o selo do novo governo.

Na área econômica, um dos pilares da política de Dilma será um conjunto de medidas para a modernização financeira e estímulo ao crédito de longo prazo que levaria a marca Lula.

Ajustes no programa Minha Casa, Minha Vida que vinham sendo discutidos desde o início do ano e não saíram do papel também serão transferidos para a cota do novo governo.

O projeto de lei que deverá resolver a polêmica sobre a correção dos tetos de renda das famílias beneficiadas e dos valores dos imóveis deverá ser encaminhado ainda neste ano, mas valerá para a segunda fase do programa que será implantada no ano que vem.

Assim, Lula e Dilma poderão dividir os ganhos. Os técnicos do governo garimpam o que fica como crédito ou débito da atual gestão e o que poderá ser carimbado com o selo Dilma.

Como o governo será de continuidade, as avaliações internas são que, ao contrário do que aconteceu em 2003, no ano que vem Dilma não precisará perder tempo fazendo diagnósticos de cada área para, somente depois, propor medidas.

BNDES

A presidente eleita já deixou claro para sua equipe econômica que, além do crescimento da economia, o foco da sua política econômica será a modernização financeira, com estímulos ao desenvolvimento do mercado de capitais e a criação de instrumentos que aliviem a pressão sobre o BNDES. O objetivo é fazer com que o setor privado supra parte da demanda por crédito, sobretudo, por conta dos grandes projetos de infraestrutura.

Algumas das ideias que serão levadas à presidente já estavam sendo discutidas. Uma delas pretende acabar com o recolhimento compulsório ao Banco Central de 15% do total captado pelos bancos com a emissão de letras financeiras (LF).

Será uma tentativa de estimular o uso do instrumento criado no final do ano passado para atender a um pedido das instituições financeiras privadas, que precisam de fontes de captação de recursos a prazos mais longos.

O BNDES também deverá ter autorização para lançar LF no mercado, o que atualmente é vedado. Isso ajudará o banco -principal agente financiador de projetos que precisam de grande volume de dinheiro por prazos maiores- a não depender tanto do Tesouro Nacional. Desde 2008, o governo precisou injetar R$ 200 bilhões na instituição para que ela suprisse a demanda por crédito.

Fonte: Folha de São Paulo / Sheila D’Amorim

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