Uma visão otimista em relação à crise financeira internacional. Esta é a posição da economista e professora da UFRJ Maria da Conceição Tavares, que acha que os trabalhadores não devem temer a recessão que atinge os EUA e assusta o mundo. Ela participou de um debate no Sindicato dos bancários do Rio de Janeiro (Seeb Rio), na última sexta-feira, dia 6, promovido pela corrente cutista CSD-CUT Democrática e Socialista.

Segundo Maria da Conceição, há muitas vantagens na atual crise em relação à de 1929. "Hoje há avanços no campo dos direitos civis", afirmou numa alusão crítica ao aspecto autoritário da década de 30. Mais uma vez, ela fez críticas pesadas à atual política do Banco Central de juros altos comandada por Henrique Meirelles e acredita que países como Japão e o próprio EUA serão muito mais atingidos pela recessão do que o Brasil. "Antigamente eles espirravam e nós pegávamos uma pneumonia. Agora, eles pegam a pneumonia e nós só espirramos", comentou com ironia.

Brasil em vantagem

Maria da Conceição Tavares considera que o momento econômico ajuda na superação da crise. "Pela primeira vez na história não temos uma dívida pública externa", disse. Outro aspecto positivo para o país, segundo a especialista, é o contexto político. "Em 1930 o movimento sindical foi perseguido, embora tenham sido importantes os avanços trabalhistas. Agora, além de um presidente do lado dos trabalhadores os sindicatos têm a liberdade de manifestação", ressalta.

Até em relação a outros países da América Latina a economista vê vantagens do Brasil. "Somente o Brasil possui bancos públicos relevantes que sobreviveram ao neoliberalismo e ainda temos saúde e previdência pública, ainda que precárias. Isso é uma vantagem para o momento", afirma.

Para a economista, os setores da metalurgia e siderurgia, que dependem mais da economia internacional, serão os mais afetados. "A CUT deve começar a mobilização desses setores. Mas os trabalhadores não devem entrar em pânico. Em relação ao resto do mundo estamos em vantagem", completa.

Atuação da CUT

O ex-ministro do Desenvolvimento Agrário e ex-dirigente da CUT Miguel Rosseto disse que o movimento sindical precisa pôr em prática uma agenda política que limite a ação dos setores conservadores que disseminam a crise para demitir e tentar retirar direitos. "A CUT precisa estar presente, atuante e vigorosa na atual conjuntura política e econômica, nas ruas e também com propostas concretas para debater uma saída para a crise", afirma. Rosseto defendeu ainda a democratização das políticas econômicas do governo e a busca da unidade da classe trabalhadora.

Na abertura do evento, os participantes fizeram um minuto de silêncio pela morte do deputado federal Adão Preto (PT-RS), um dos fundadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Fonte: Seeb Rio