Presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior

O governo golpista e ilegítimo de Michel Temer (MDB-SP) avança com o seu projeto de entregar o patrimônio público brasileiro à iniciativa privada, ignorando o serviço prestado pelas empresas públicas à população e a importância delas para a soberania nacional.

A nova investida do governo foi o lançamento, nesta semana, do Plano de Demissão Consensual (PDC) da Eletrobras, que prevê o desligamento de três mil eletricitários. O objetivo é precarizar a estatal e prepará-la para a privatização. O governo pretende vender a Eletrobras até o final de abril.

Os trabalhadores e trabalhadoras do setor denunciam os riscos que essa estratégia mal planejada de desestatização de empresas públicas representam para o Brasil e os brasileiros.

“Os gestores nomeados politicamente pelo atual governo não foram colocados aqui para melhorar a gestão da estatal, mas para vender a empresa, o que será uma tragédia para a soberania nacional”, denuncia o diretor da Associação dos Empregados de Furnas (Asef) e engenheiro civil, Felipe Araújo.

“Há uma clara falta de preparo intelectual e técnico da atual direção para tratar de assuntos estratégicos da Eletrobras”.

E exemplos da falta de capacidade profissional dos gestores não faltam. No final do ano passado, lembra Felipe, a estatal já havia lançado um plano semelhante de demissão em massa pensando apenas na redução de pessoal e no sucateamento da empresa, apesar de as demandas continuarem e sobrecarregar os trabalhadores que ficaram.

“Eles se inspiraram nas empresas mais atrasadas para fazer esse plano, pois empresas evoluídas se preocupam pelo menos com o capital intelectual e com a qualidade do trabalho. Nem com isso eles estão preocupados”, critica Felipe, que acrescenta: “o clima entre os trabalhadores da Eletrobras nunca foi tão ruim”.

Para os eletricitários, o atual governo trata a energia como mercadoria, como commodities. Como sempre, os golpistas privilegiam o mercado. “Os únicos que ganham com planos de demissões, que precarizam os serviços e as condições de trabalho, são os acionistas que recebem dividendos”, critica Felipe.

Segundo o dirigente, uma empresa pública como a Eletrobras não deve gerar lucro e, sim, atender as demandas de interesse público da população.

“O fato de o Brasil ser um país continental, com grandes abismos sociais, é por si só uma justificativa para o Estado manter o controle da Eletrobras”.

O programa Luz Para Todos, lançado em 2003, depois que o Censo do IBGE constatou que mais de dois milhões de famílias no meio rural viviam sem acesso a energia elétrica, é o melhor exemplo desses abismos sociais que o dirigente cita.

O Luz para Todos levou energia elétrica para 3,2 milhões de famílias, beneficiando 15,6 milhões de brasileiros que vivam na escuridão, como quilombolas, índios, assentados, pequenos agricultores, pescadores, moradores dos mais longínquos rincões do país. Com o programa, eles puderam ver os postes, cabos e transformadores chegar até as suas casas, escolas e postos de saúde.

“Nossa luta não é apenas pela manutenção do emprego, é pelo desenvolvimento do país”, conclui Felipe.