Outros empresários também apoiam as mudanças nas leis trabalhistas e na Previdência que avançam contra direitos dos trabalhadores
O banco Bradesco distribuiu a alguns dos seus funcionários um comunicado de “circulação interna restrita”, no qual enaltece os retrocessos implementados pelo governo, objeto de combate e mobilização do movimento sindical e movimentos populares.
O documento, assinado, pelo economista chefe da empresa, Fernando Honorato Barbosa, tem como título Desempenho do PIB brasileiro e destaca a estimativa de crescimento econômico do país no primeiro trimestre. Segundo o texto, entre os fatores que proporcionaram esta “retomada”, se destaca “a reorganização da política econômica que teve início em meados do ano passado”, justamente quando Temer assumiu a Presidência.
Mais adiante, a circular lista a liberação da terceirização irrestrita, as reformas trabalhista e da Previdência, e o congelamento dos gastos públicos como responsáveis pela diminuição da incerteza, “permitindo uma grande queda da inflação, corte dos juros e melhora da confiança de empresários e consumidores”.
“Essa nota reforça o que nós dizemos todos os dias: não são os nossos interesses que estão sendo votados no Congresso Nacional, são os interesses dos empresários e dos banqueiros, dos industriais e dos latifundiários. E eles não têm o menor pudor de explicitar isso. O que está em jogo são os direitos trabalhistas e sociais conquistados ao longo de anos”, afirma Neiva Ribeiro, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Segundo a reportagem do Jornal do Brasil, o Bradesco se justificou informando que o documento foi distribuído no dia 16 de maio, antes da delação de Joesley Batista, dono da JBS, e se restringe a fazer uma análise da conjuntura do país.
Empresariado unido –O Bradesco não está sozinho nessa empreitada. Vários setores empresariais declararam apoio às reformas que irão retirar direitos dos trabalhadores.
Na terça-feira 23, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota defendendo a continuidade da tramitação das reformas, como a trabalhista e da Previdência, chamadas pela entidade de “imprescindíveis”. O texto ainda as classifica como “fundamentais para recolocar o país no rumo certo”. O material é assinado por Robson Braga de Andrade, presidente da CNI.
Paralelamente, um grupo de empresários ligados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) aumentou a pressão para que os parlamentares aprovem as medidas. De acordo com empresários ouvidos pela reportagem da Folha, a prioridade do setor no momento é aprovar a reforma trabalhista no Senado, uma vez que encontraria menos obstáculos que a da Previdência.
“Nós queremos que a economia se restabeleça com geração de emprego e renda, trabalho decente, com garantia de organização sindical, com fortalecimento do mercado interno, defesa das empresas públicas, para que os ganhos do desenvolvimento socioeconômico sejam compartilhados por toda a sociedade. Esse é o projeto de país que defendemos, não esse projeto onde só o empresariado se beneficia”, completou Neiva Ribeiro.