A onda de assaltos e explosões em caixas eletrônicos do Estado de Mato Grosso tem feito com que muitos empresários optem por retirar os equipamentos das lojas, visando a reduzir o risco de roubos e violência. Em Cuiabá, supermercados, farmácias e postos de gasolina são os principais alvos dos bandidos, que costumam usar dinamites para explodir os caixas e retirar o dinheiro.
Ele ainda relembra que nos dias de recarregamento do caixa ele não conseguia sequer dormir tranqüilo. "Quando abasteciam, eu ficava vindo aqui de madrugada, de tão preocupado".
O supermercado Big Lar da Avenida Miguel Sutil também já foi vítima de roubo aos caixas eletrônicos e o gerente da loja afirma que a empresa não tem interesse em manter o serviço, já que a violência é muito grande e os clientes também não estariam insatisfeitos com a medida de segurança. "Muitos clientes fazem transações pela internet e não pretendemos voltar a operar com caixas eletrônicos", disse.
Depois que o HiperModelo da Miguel Sutil teve dois de seus caixas explodidos por uma quadrilha, a diretora administrativa financeira da rede, Solange Barrozo, desabafou à reportagem do Diário de Cuiabá: "Estou doida para tirarem esses caixas daqui".
Ela explica que, apesar de seu desejo de atender bem os clientes, a realidade é que os empresários acabam levando a insegurança para dentro dos estabelecimentos comerciais e colocando em risco a vida de todos. Solange lamenta e diz que é uma pena ter que retirar o benefício dos consumidores, uma vez que ela acredita serem poucas as opções que o cidadão tem para retirar o dinheiro.
"Existem poucas agências. Tem bairros como o CPA III que nem têm uma agência bancária. Os consumidores têm que ir ao banco no horário de atendimento ou nos shoppings da cidade", diz. A gerente afirma que se sente sortuda, já que os ladrões costumam explodir os caixas apenas nas madrugadas, pois durante o dia o estrago seria ainda maior, com pessoas feridas, reféns e muito pânico.
A Secretaria de Segurança Pública pontua, por meio do major Rodrigues, que ano passado foi lançado o Plano de Enfrentamento do Roubo a Banco e que várias ações estão em andamento, como um treinamento para que os policiais saibam lidar com os assaltos também nas modalidades "saidinha de banco" e "Novo Cangaço".
O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) também está envolvido num trabalho de inteligência. Sobre a segurança nos arredores e nos próprios terminais de autoatendimento, o major afirma que é necessário um comprometimento maior dos bancos, já que o ideal seriam caixas em cabines especiais, câmeras de segurança de alta resolução, sensores de presença e alarmes de pânico.
"Quando vamos analisar as imagens para identificar o bando, por exemplo, a imagem é muito ruim. Há que se disponibilizar o mínimo de segurança". Segundo ele, as explosões com dinamite eram mais comuns na região de São Paulo e Nordeste. "Antes as quadrilhas daqui usavam maçarico, que era mais silencioso e lento", disse o major, que substitui o secretário Diógenes Curado, que está em viagem de férias.
Fonte: Diário de Cuiabá