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Crédito: Paulo Pepe

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O Centro Administrativo Santander (Casa 3), em São Paulo, transformou-se nesta quinta-feira 18, em uma Babel dos bancários, com trabalhadores falando em espanhol, inglês e português. Apesar dos idiomas e das nacionalidades diferentes, a mensagem era única: bancos globalizados têm de praticar direitos iguais em qualquer lugar que atuem.

Mais de 400 bancários que trabalham no Casa 3 participaram de um momento histórico na categoria, deram uma pausa no trabalho para comparecer numa reunião internacional de bancários, no pátio entre os prédios. Trabalhadores do Santander vindos de vários países da América Latina, dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia falaram de suas realidades e defenderam a criação do acordo marco global.

Falta de democracia para constituir sindicatos e do direito de negociar com os bancos, ausência de direitos e conquistas como férias remuneradas, licença-maternidade, licença-saúde foram relatados pelos trabalhadores. "Isso é injusto. Temos de ter um acordo marco tanto para estender quanto para proteger direitos", comentou um dos trabalhadores brasileiros.

O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, Luiz Cláudio Marcolino, lembrou que a convenção coletiva da categoria tem validade nacional, ou seja, todos os direitos valem para cada um dos 460 mil bancários do país. "Muitos trabalhadores aqui devem ter entrado no banco depois de 1992, quando após muita luta conquistamos a extensão de direitos para todos os bancários brasileiros. Desta forma não é possível acontecer como é de praxe em outras categorias, quando as empresas mudam de estado para, por exemplo, pagar salários menores", destacou.

A mesma opinião tem o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. "Temos de relembrar nossas histórias para sempre termos em mente onde podemos chegar. Temos muito mais do que benefícios, conquistamos direitos. Uma prova disso é a recente conquista da categoria, a extensão da licença-maternidade para seis meses".

O presidente da UNI Finanças, Oliver Roething, destacou que o Brasil tem um papel fundamental na construção de um acordo marco global. "A participação do Brasil é importante no estabelecimento de um processo de diálogo e direitos trabalhistas", afirmou.

Já Manuel Rodrigues Aporta, membro das Comissões Obreras da Espanha, lembrou que, assim como o Santander atua em várias partes do mundo com transações em tempo real, também pode com a mesma agilidade atender às reivindicações dos trabalhadores.

Ato internacional

O clima de integração entre os bancários teve início ainda nas primeiras horas da manhã. Os trabalhadores do Santander foram recepcionados pela delegação estrangeira de representantes sindicais que participam, em São Paulo, do lançamento da campanha internacional para o estabelecimento de um acordo marco. Ao chegar ao Casa 3, os trabalhadores recebiam informe sobre o que é o acordo e qual a sua importância, além de um bloco de notas de divulgação da campanha.

As apresentações circenses, com malabares e pernas-de-pau, já tradicionais nas atividades do Sindicato, encantaram também a delegação estrangeira. Muitos dos dirigentes sindicais dos diferentes países sequer podem chegar próximo dos locais de trabalho sem repressão. Muito mais do que falarem de suas realidades, o ato serviu como troca de experiência sobre as relações entre bancários, sindicatos e bancos.

A diretora do Sindicato de São Paulo Rita Berlofa destacou a importância histórica desse ato internacional. "A reunião de bancários brasileiros com os de outros países dentro do banco mostra que um acordo marco comum é possível. O diálogo está estabelecido com bancários e o banco, por meio da representação de sindicatos fortes e organizados", destacou.

Para Carlos Cordeiro, a reunião com os trabalhadores no Casa 3 foi mais um passo importante na construção do acordo marco global e reforça o compromiso assumido pelo superintendente de Relações Sindicais do Santander, Jerônimo dos Anjos, na abertura do seminário, quarta-feira, de encaminhar a reivindicação para a matriz na Espanha. "Esperamos que a experiência de diálogo e negociação coletiva entre as entidades sindicais e a direção do banco no Brasil, apesar dos conflitos e das divergências de pontos de vista sobre muitos temas, seja referência na construção do acordo para os trabalhadores de todo mundo", avaliou.

Além dos bancários do Brasil participaram trabalhadores de Costa Rica, Trinidad e Tobago, Reino Unido, Espanha, Portugal, Colômbia, Chile, Uruguai, Argentina, Singapura, Malásia, entre outros.

Fonte: Elisângela Cordeiro

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