Os engenheiros, arquitetos e advogados da Caixa Econômica Federal decidiram pela paralisação de suas atividades por 24 horas, nesta terça-feira, 7 de abril. A decisão, tomada por unanimidade, na assembleia realizada nesta segunda-feira, nas dependências da Agência Cabo Branco, na capital paraibana, é um protesto à falta de cumprimento do acordo firmado com a categoria na campanha salarial do ano passado.
No dia 1° de abril, ao organizar o ato público em frente à Ag. Cabo Branco, da Caixa Econômica Federal, a diretoria do Sindicato dos Bancários da Paraíba alertou a sociedade sobre a reação dos empregados da carreira técnica, que vão paralisar por um dia as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Programa Minha Casa, Minha Vida, em repúdio à falta de seriedade da direção da Instituição Financeira.
Os engenheiros, arquitetos e advogados da Caixa fazem essa paralisação de advertência e ficam aguardando o resultado da negociação entre a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e o banco estatal, agendada para o dia 9 de abril. E, caso não haja avanço nas propostas da empresa, poderão paralisar suas atividades por tempo indeterminado.
A medida é uma reação ao descumprimento do acordo firmado entre a categoria e o referido banco na campanha salarial do ano passado, que culminou com a mais forte greve da categoria dos últimos anos. Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários, Lucius Fabiani, a Caixa Econômica se comprometeu em rever o Plano de Cargos e Salários (PCS) para a carreira técnica e implantar um novo modelo até o dia 30 de junho deste ano. Porém, até a presente data, a diretoria do banco e os profissionais não chegaram a um consenso sobre a revisão salarial.
"A primeira rodada de negociação aconteceu no dia 29 de dezembro do ano passado, quando a Caixa apresentou a proposta de elaborar uma pesquisa de mercado envolvendo profissionais dos setores públicos e privados, como estatais, empresas e autarquias para encontrar uma média de estrutura salarial", explicou Lucius Fabiani.
Entretanto, na audiência ocorrida na última quinta-feira, 26 de março, a diretoria da Instituição retomou a negociação com uma proposta de reajuste de apenas R$ 70 na referência inicial, cujo salário passaria do valor atual de R$ 5.030 para R$ 5.100. Ainda conforme a proposta, o teto de R$ 8.289 aumentaria para R$ 8.315, o que representa uma variação de 0.3% de reajuste numa progressão salarial que inclui 35 níveis, que podem significar mais de 35 anos de carreira profissional.
Em função da proposta rejeitada, a categoria apresentou uma contraproposta que considera as premissas que a Caixa se comprometeu a cumprir nas últimas negociações. Os empregados da carreira técnica lutam pela equiparação da média salarial entre pisos e tetos dos bancos aos valores pagos aos profissionais pelas empresas e órgãos da administração pública direta, que acarretaria em um salário inicial de R$ 8.010, 33 e em um teto de R$ 14.071,66.
"Se a Caixa não atender aos anseios dos seus profissionais, a paralisação vai afetar diretamente o desempenho das políticas públicas de habitação e desenvolvimento urbano que estão sob o comando do banco estatal, em especial os programas PAC e Minha Casa, Minha Vida, elaborado pelo Governo Federal com o objetivo de construir um milhão de casas até 2010", destacou o secretário-geral do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Marcos Henriques e Silva.
Lucius Fabiani ressaltou que os profissionais lutarão por outra bandeira da categoria: a permanência da jornada de trabalho de seis horas diárias, que tem sido alvo de modificação na nova proposta da Caixa Econômica. O presidente lamenta que neste momento de crise econômica, em que o segmento vem recebendo bastante demandas, o banco apresente propostas rebaixadas que causam revolta no seio da categoria.
"A Caixa vem, de forma intransigente, empurrando ‘com a barriga’ uma proposta que deveria ser compatível com a média salarial de outros órgãos da administração pública direta da união e na verdade não é. O banco apenas tomou como base a sua própria tabela, aplicou uma progressão que achou conveniente com os seus interesses e não considerou as premissas acordadas durante a Campanha Salarial 2008, pois a média salarial deveria ser a defendida em nossa contraproposta", conclui Fabiani.