Carta assinada por entidades como a Contraf-CUT foi enviada a senadores e deputados federais – Entidades bancárias enviaram aos membros do Senado Federal e da Câmara dos Deputados carta pedindo que os parlamentares defendam o caráter público do Banco do Brasil, diante da ameaça de desmonte da instituição com a proposta de reestruturação apresentada esta semana da direção do banco. Assinam o documento a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT); Associação dos Aposentados e Funcionários do Banco do Brasil (AAFBB); Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB) e Federação das Associações de Aposentados e Pensionistas do Banco do Brasil (FAABB).
A carta apela aos parlamentares para que as intenções da direção do Banco do Brasil sejam revistas levando-se em consideração que qualquer reestruturação precisa considerar a dimensão estratégica do banco. Lembra que a proposta de reestruturação implica na desativação de 361 unidades, sendo 112 agências, sete escritórios e 242 postos de Atendimento, além de possibilitar a extinção de 5 mil postos de trabalho.
“O Congresso Nacional, representante da vontade popular, poderá ter um papel decisivo no sentido de impedir que sigam em frente os planos de fechamento de unidades do Banco do Brasil e de extinção de 5 mil vagas no quadro de pessoal da empresa”, diz um trecho do documento. O documento chama a atenção de senadores e deputados para o o momento de escalada da covid-19, que causou a morte de milhares de pessoas, inclusive de funcionários do BB que exercem atividade essencial nas agências.
Fechamento de agências
Um aspecto ressaltado é que o fechamento de agências em pequenos municípios tem um forte impacto social e econômico no país. “A inovação digital é bem-vinda, desde que combinada com uma rede capaz de atendimento presencial”, diz a carta. Também é lembrado que “para milhões de brasileiros, a necessidade de operações bancárias é atendida nas unidades físicas do BB”. Outro ponto citado é que o banco tem papel fundamental no crédito e que, na atual conjuntura, vai muito além do que uma ênfase em canais digitais.
Veja abaixo a íntegra da carta.
Brasília (DF), 15 de janeiro de 2021.
Caro (a) Deputado/Deputada e Senador/Senadora,
A maior crise de saúde pública e seus profundos impactos na vida social econômica do País desafiam as instituições brasileiras a respostas corajosas.
Na contramão de movimentos que possam significar esperança para osbrasileiros e retomada da economia, o Banco do Brasil anunciou (11/01) que serãodesativadas 361 unidades, sendo 112 agências, sete escritórios e 242 postos deatendimento. Em comunicado ao mercado, o BB informou, também, sobre uma reestruturação dos quadros e desligamento de pessoal – o que pode representar a extinção de 5 mil postos de trabalho.
Hoje (14/01), em reunião que contou com a participação de suas respectivas lideranças, AAFBB, ANABB, CONTRAF e FAABB debateram os planos de fechamento de unidades do Banco do Brasil e de desligamento de pessoal.
Ao analisar o momento vivido pelo País, as entidades presentes entenderam que o Congresso Nacional, representante da vontade popular, poderá ter um papel decisivo no sentido de impedir que sigam em frente os planos de fechamento de unidades doBanco do Brasil e de extinção de 5 mil vagas no quadro de pessoal da empresa.
Ao trazer este tema para aqueles que trabalham para os interesses legítimos da sociedade, as entidades lembram que o País tem realidades regionais muito diversas e nem toda a população tem acesso com facilidade aos meios digitais.
O fechamento de agências em pequenos municípios tem um forte impacto social e econômico. Uma preocupação especial recai em pequenas comunidades ou em regiões dedicadas à agricultura familiar e a pequena produção. De acordo com dados da Secretaria de Agricultura Familiar, se o Brasil só contasse com a produção familiar, ainda assim, estaria entre os 10 maiores países na produção de alimentos. Na regiãoNordeste, onde boa parte da população economicamente ativa está envolvida napequena produção familiar, o fechamento de unidades do BB representa a estagnação econômica do município e fim de muitos negócios locais.
A inovação digital é bem-vinda, desde que combinada com uma rede capaz de atendimento presencial, considerando as peculiaridades da economia em cada município brasileiro, sobretudo aqueles afastados dos grandes centros e carentes de infraestrutura tecnológica. Para milhões de brasileiros, a necessidade de operações bancárias é atendida nas unidades físicas do BB.
Ademais, ao diminuir o quadro de pessoal, a decisão amplia o déficit no atendimento à população e sobrecarrega ainda mais as agências, com ônus para a qualidade dos serviços prestados aos clientes e acarretando desgaste físico e emocional para os funcionários na linha de frente. Vale registrar que o BB hoje conta com 70 milhões de clientes, número que ultrapassa a população de países como Espanha, França, Inglaterra e Itália.
A inovação digital, por sua vez, precisa ser acompanhada de ações estruturantes. No contexto da pandemia, assistimos ao persistente desemprego, fechamento de empresas e desativação de negócios, sacrificando a renda e postos de trabalho. O crédito é uma das maiores vocações do Banco do Brasil e o potencial de contribuir para a sociedade brasileira, na atual conjuntura, vai muito além do que uma ênfase em canais digitais.
Por fim, chamamos atenção do Congresso Nacional para o momento dramático de escalada da covid-19. Milhares de vida vêm sendo ceifadas, inclusive de funcionários do BB que exercem atividade essencial nas agências.
A crise na saúde, com profundos reflexos no desenvolvimento econômico e social do País, desafia os bancos públicos a um outro tipo de atuação de forma que possam contribuir para a sociedade brasileira neste momento especial.
A insensibilidade diante deste momento, a falta de empatia e a ausência de um plano voltado para as reais necessidades do País chocam quando partem de uma empresa pública de 212 anos de serviços prestados à sociedade brasileira.
Coincidentemente, no mesmo dia em que a Ford anunciou o fechamento de suas operações no Brasil, com agravamento do desemprego, a imprensa noticiou as intenções do BB, com efeitos também negativos para o bom atendimento da população, além de significar também redução de vagas de trabalho.
Diante dos fatos aqui expostos, contamos com o amplo apoio e atenção de cada parlamentar para que as intenções da Direção do Banco do Brasil sejam revistas.
Qualquer reestruturação precisa considerar a dimensão estratégica do Banco do Brasil, sobretudo neste momento crucial da vida do País.
Atenciosamente,
AAFBB – Associação dos Aposentados e Funcionários do Banco do Brasil
Loreni de Senger
Presidente do Conselho Administrativo
ANABB – Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil
Reinaldo Fujimoto
Presidente
CONTRAF-CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT
João Luiz Fukunaga
Coordenador Nacional da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil
FAABB – Federação das Associações de Aposentados e Pensionistas do Banco do Brasil
Isa Musa de Noronha
Presidente