A Espanha está tentando uma recapitalização rápida e substancial de seus problemáticos bancos de poupança, as "cajas", numa tentativa de restabelecer a confiança internacional depois de uma semana de grandes pressões sobre os endividados países da periferia da zona do euro.

José Luis Rodríguez Zapatero, o primeiro-ministro espanhol, está usando sua influência sobre o que ele chama de "segunda rodada" de reestruturação das cajas não listadas em bolsas de valores. "Estamos reformando nosso setor financeiro e esta é a reforma mais ambiciosa e ampla desse setor em 20 anos na Espanha", disse ele em uma entrevista ao "Financial Times".

Embora a confiança nas chamadas economias "periféricas" da zona do euro tenha sido restabelecida temporariamente na semana passada, depois das vendas de bônus pelos governos da Espanha e Portugal, banqueiros espanhóis temem que essa melhoria terá curta duração e afirmam que os bancos e cajas mais fracos ainda não estão conseguindo captar recursos de longo prazo nos mercados.

"Até agora as autoridades vinham dizendo que o sistema bancário vai bem", disse um banqueiro espanhol. "Finalmente eles estão reconhecendo que o problema existe e estão procurando uma maneira de resolvê-lo." Zapatero está bastante ciente de que investidores volúveis do mercado de bônus transferiram suas atenções dos problemas imediatos com o déficit fiscal espanhol – que eles acreditam estar sob controle – para as responsabilidades contingenciais que o setor público assumiu em virtude de sua garantia a todo o setor bancário.

"Precisamos terminar o processo de reestruturação… para que não fique nenhuma sombra de dúvida sobre a qualidade soberana do sistema", disse o primeiro ministro.

Analistas a banqueiros afirmam que a Espanha, que até agora gastou 15 bilhões (US$ 20 bilhões) com a recapitalização das cajas, precisará injetar mais de 20 bilhões a 120 bilhões para estabilizar o sistema.

Na sexta-feira, o Barclays Capital estimou que a Espanha terá de gastar mais 32 bilhões a 78 bilhões, o que aumentará a dívida pública em 3% a 8% do PIB.

Banqueiros de Madri afirmam que não está claro como a recapitalização vai funcionar na prática, embora uma possibilidade seria o Fundo para a Recapitalização Ordenada dos Bancos assumir participações nas cajas com problemas, em vez de continuar concedendo crédito.

Após esse processo, descrito por um banqueiro como parecido com uma "nacionalização parcial", o Fundo poderia eventualmente vender as instituições ou seus ativos para compradores domésticos ou estrangeiros.

Zapatero quase admitiu que as "cajas" precisam de grandes injeções de dinheiro público, mas disse que alguma contribuição do Estado seria necessária se a opção preferida do governo, a captação de capital privado, se mostrar insuficiente.

"Estamos absolutamente convencidos de que a reestruturação do sistema financeiro espanhol poderá ser feita pelo fortalecimento do sistema com capital privado, e talvez com recursos públicos bastante limitados", disse ele.

Para tranquilizar os investidores e promover a transparência, o Banco da Espanha disse que as "cajas" – já reduzidas de 45 para 17 em número, através de uma série de fusões mais ou menos obrigatórias – divulgarão, até o fim de janeiro, relatórios detalhados sobre suas exposições ao setor imobiliário.

Fonte: Valor Econômico

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