O Banco do Brasil anunciou ontem que pode ir ao mercado para emitir títulos de dívida com o objetivo de aumentar o capital após a aquisição de metade do Banco Votorantim. A intenção é criar condições para que o banco possa manter o ritmo de crescimento nas operações de crédito. A instituição também informou ao mercado que vai pagar R$ 3,75 bilhões à vista ao Votorantim após a aprovação do negócio pelo Banco Central.
Seis meses depois, serão desembolsados outros R$ 450 milhões, segundo o banco informou ontem.
Em teleconferência com investidores e analistas de mercado, o diretor de gestão de riscos do BB, Renê Sanda, disse que o banco federal pode ir a mercado para captar recursos de forma a melhorar o Índice de Basileia, indicador que varia conforme o capital da instituição e determina o quanto o banco pode emprestar.
Com o negócio com o Votorantim, o BB avalia que o índice tenha caído para 12,5% (nível de capital como proporção de empréstimos), muito próximo do mínimo exigido de 11%. Ao estar próximo do nível mínimo, a instituição fica com pouco fôlego para realizar novas operações de crédito. "Temos margem para emissão de dívida. Se for necessário, vamos usar".
PAGAMENTO – Aos analistas, o banco federal também detalhou como será feito o pagamento de R$ 4,2 bilhões para o Votorantim. Desse valor, R$ 3 bilhões serão destinados à Votorantim Finanças S.A., holding que controla o banco da família Ermírio de Moraes. Os recursos ficarão depositados no Votorantim e serão sacados gradualmente em 6 meses, 12 meses e 18 meses, informou o vice-presidente de Finanças e de Relações com Investidores do BB, Aldo Luiz Mendes. O R$ 1,2 bilhão restante será usado para o aumento de capital do Banco Votorantim.
Pelo cronograma dos dois bancos, os documentos relativos ao negócio devem ser entregues ao BC em cerca de 15 dias. Somente após a aprovação da autarquia, a primeira parcela do pagamento será depositada pelo BB.
Fonte: O Estado de São Paulo / Fernando Nakagawa e Ana Paula Ribeiro