O Banco Central (BC) deu sinal verde para a fusão entre Itaú e Unibanco, anunciada pelas duas instituições na primeira semana de novembro. Mas vinculou a aprovação a algumas restrições na política de tarifas do novo banco – o maior do País pelo critério de ativos (R$ 575 bilhões), à frente do Banco do Brasil (BB).
Com a avaliação de que o negócio "eleva o poder de mercado do novo conglomerado", a autoridade monetária exige que o novo banco adote as menores tarifas entre as praticadas por Itaú e Unibanco. Também definiu que, por cinco anos, as tarifas não podem superar a média praticada pelos cinco maiores bancos que operam no País.
As restrições, segundo o BC, têm como objetivo "compartilhar" os ganhos do negócio com a sociedade. O BC afirmou, em nota, que "a operação não acarreta prejuízos à concorrência" no sistema financeiro. Mas o documento faz a ressalva de que o negócio dá mais poder ao Itaú-Unibanco.
"Em face dessa nova posição do conglomerado Itaú-Unibanco e dos ganhos de eficiência gerados pela operação, o BC decidiu vincular sua aprovação à observância de compromissos de desempenho", diz o texto.
Também por meio de nota, o presidente executivo do Itaú-Unibanco, Roberto Setubal, disse que o banco "nasce em momento de grandes mudanças, desafios e oportunidades no mundo, particularmente no setor financeiro". "Consideramos de vital importância que se faça, nesta etapa de crescimento sustentável do Brasil, movimentos de fortalecimento das empresas, como este, ampliando continuamente nossa capacidade competitiva."
Segundo o BC, o Itaú-Unibanco deve adotar as menores tarifas praticadas entre as duas instituições conforme a tabela de 2 de janeiro de 2009. A regra diz respeito, apenas, aos serviços prioritários, os mais usados pelos clientes. A instituição terá 15 dias para equalizar os preços. O banco informou que a medida entrará em vigor a partir de 1º de março.
"Os clientes, com certeza, terão uma ampla e moderna rede de atendimento e um rico portfólio de produtos e serviços, fruto da união da eficiência e competência dos dois bancos. Em breve, vamos comunicar novos benefícios", disse Setubal.
Analistas acreditam que o Itaú-Unibanco terá de enxugar seu quadro de funcionários, que hoje chega a 108 mil pessoas. Por meio da assessoria de imprensa, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, informa, no entanto, que até o momento as homologações envolvendo os dois bancos não fogem à média "normal" das duas instituições.
Fonte: O Estado de São Paulo / Fernando Nakagawa e Leandro Modé