As montadoras pediram ontem ao governo mais pressão sobre os bancos para liberação de crédito e medidas para ajudar a reduzir os estoques de caminhões acumulados nos pátios.

Para o setor, os bancos ainda estão muito rigorosos na aprovação de financiamentos, por causa da taxa recorde de inadimplência desde o fim de 2011. A expectativa, no entanto, é de melhora, pelo menos para desovar a produção de automóveis e veículos comerciais leves.

A indústria automobilística encerrou o mês de abril com estoques no maior nível desde novembro de 2008. Diante desse quadro, as montadoras reduziram a produção e estão revendo para baixo a expectativa de crescimento em 2012.

"Acreditamos que, na medida em que a conjuntura melhora, baixa a inadimplência. Consequentemente, no setor de automóveis e comerciais leves, haverá maior aprovação nas fichas de crédito", disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, após reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Brasília.

A situação dos fabricantes de caminhões, segundo Belini, é pior, em acúmulo de estoques e na consequente queda na produção. "O setor de automóveis e comerciais leves está caminhando. Esse mercado tende a aquecer. Já no setor de caminhões as vendas estão muito mais difíceis", afirmou o presidente da Anfavea.

As montadoras dizem que as medidas do governo para incentivar a venda a prazo de veículos pesados anunciadas no início de abril, na nova fase do Plano Brasil Maior, não foram suficientes para aquecer esse mercado.

"Tem procura, mas não na quantidade necessária. Com isso, os estoques de caminhões subiram bastante, da ordem de 45, 50 dias. De automóveis, está em torno de 40, 45 dias. E nos caminhões a produção caiu bem mais", disse Belini.

O presidente da Anfavea disse que conversou com o ministro sobre a linha de financiamento para veículos pesados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas não deu mais detalhes sobre o assunto.

Pedido. Para a Anfavea, a principal questão hoje é destravar os financiamentos, que devem voltar a crescer na medida em que os atrasos caírem. Não houve pedido de nova redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que já está no limite de baixa, segundo Belini.

"(Pedimos) que ele pressione o sistema bancário para flexibilizar mais o crédito", disse. "Ou você tem crédito ou então não tem condições." O executivo afirmou que o governo ficou de analisar os pedidos e disse que vai continuar insistindo nessas questões. Deu ainda, como exemplo, o Banco do Brasil, que dobrou a aprovação de fichas de crédito.

Em relação às operações de leasing, a associação avalia que vai demorar mais tempo para resolver o problema. Esse tipo de financiamento despencou depois que governos estaduais e municipais mudaram a legislação para essa modalidade, que se tornou desvantajosa para os bancos.

Fonte: Eduardo Cucolo, O Estado de S. Paulo