Comprar cotas de outros fundos – em vez de ativos financeiros, como ações ou títulos – é a especialidade dos multimercados chamados multigestores. Dentre os dez fundos multimercados da Seleção AE Fortuna de Fundos Populares com melhor desempenho em 2009, três pertencem a esta categoria, em que a seleção de investimentos difere completamente da feita em um fundo convencional.

Com o trabalho de gestão voltado a escolher os melhores gestores para incluir na carteira, partindo da diferença entre os fundos com melhor e pior desempenho, os multigestores são considerados menos arriscados que outros, como os macro ou os multiestratégia.

No HSBC, que possui uma família de fundos multigestores chamada Aquamarine, sete pessoas se dedicam a escolher as melhores carteiras onde alocar os recursos dos clientes. A crise fez o processo de gestão da instituição mudar.

"Até antes da crise, gastávamos todo nosso tempo escolhendo bons gestores. Hoje, dedicamos 70% a isso e 30% para decidir sobre nossos investimentos, decidir sobre o nível de risco final do produto.

Passamos a ser mais ativos", explica o gestor de fundos multimercados da HSBC Global Asset Management, Alcindo Costa. "Temos a convicção de que alguns gestores pensam parecido, outros nem tanto, e isso protege o risco entre eles."

O processo de seleção começa com uma longa avaliação – parte quantitativa e parte qualitativa – dos fundos e seus gestores. Verifica-se desde histórico de rentabilidade, tamanho do patrimônio, nível de risco assumido e capacidade de recuperação após um dia ruim, até itens mais subjetivos, como quem são os sócios, se eles possuem dinheiro próprio aplicado na carteira, se já desrespeitaram o mandato previsto no prospecto do fundo ou quanto tempo resistem firmes e fortes após um período sem depósitos.

"Este processo é refeito anualmente e gera uma nota final que reflete o quanto podemos alocar dos recursos dos nossos fundos nestas casas", explica Costa. Atualmente, o HSBC tem 40 gestoras aprovadas, das quais cerca de 20 estão efetivamente dentro dos seus fundos.

No Itaú, os fundos preferidos para incluir nas carteiras dos multigestores – a chamada família Multimanager – são os macro e os long and short (comprado/vendido). "Nossos fundos tiveram bom desempenho neste ano em função da rentabilidade conseguida por estas categorias", explica o gestor de fundos "de fundos" do Itaú Unibanco, Jefferson Ho.

O processo de escolha das carteiras é semelhante ao do HSBC. "Depois de chegarmos a uma lista de fundos elegíveis, procuramos escolher aqueles com a estratégia que melhor deve absorver os movimentos que prevemos para os mercados", afirma. As carteiras não mudam todo mês – algumas decisões, aliás, podem ser mantidas por meses – mas a intenção é de que a gestão seja dinâmica.

Um dos fundos multigestores do banco Real – o Real Investimento Personalizado Van Gogh Arrojado – faz sucesso porque tem alocações pré-definidas em alguns tipos de fundos, segundo a gestora dos fundos de fundos do Grupo Santander Brasil, Márcia Sales. "Cerca de 25% vão para multimercados, 15% para fundos de Bolsa, 5% para fundos que investem no exterior e os 55% restantes para carteiras de renda fixa e referenciadas DI", explica. "Essa composição nos traz rentabilidade positiva e a grande parcela voltada a fundos conservadores proporciona uma relação de risco e retorno favorável."

Márcia destaca que fundos multigestores procuram maximizar o retorno com a diversificação dos riscos e, por isso, não adianta selecionar fundos com estratégias parecidas e correlação alta. A intenção da gestão, aliás, é procurar a menor correlação possível entre os fundos investidos. "Acompanhamos de perto umas 20 casas gestoras", explica.

Dentre as opções que integram as carteiras multigestores do HSBC estão casas reconhecidas na gestão de recursos, como Credit Suisse Hedging Griffo, Pátria, Condor, Mapfre, Neo, Kadima, Fides, BBM, Ashmore e Fram, entre outras. Cerca de 40% do patrimônio do fundo Longo Prazo Aquamarine estão alocados em fundos macro, 10% em fundos long and short, 20% em fundos long and short com exposição direcional e 30% em multiestratégias.

Fonte: Agência Estado / Mariana Segala

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