Um estudo produzido pela equipe de analistas de bancos da Itaú Corretora mostra que o Banco do Brasil(BB) seria a instituição financeira de varejo a ser mais atingida pelas novas regras de Basileia 3. Na sequência viria Santander e, por último, Bradesco. O Itaú ficou de fora do estudo, por conta das normas internas da corretora que visam evitar conflitos de interesse.

As simulações feitas pelos analistas da Itaú Corretora consideraram apenas o índice mínimo de capital de alta qualidade – núcleo constituído de ações e lucros acumulados, incluindo deduções.

Esse capital de nível 1, de 4,5%, somado ao colchão de proteção, de 2,5%, resulta numa exigência mínima de 7%, segundo definido por Basileia 3.

As projeções, que não incluem todos os refinamentos das novas regras de Basileia 3, mostram uma situação relativamente confortável para as instituições financeiras no Brasil, todas estariam acima do mínimo exigido. A menor folga seria a do BB, dentre os três bancos comparados. De acordo com o estudo, o índice mínimo de capital de alta qualidade do BB totalizaria 8,9%, levando-se em consideração a implementação gradual das normas. No Santander, esse índice seria de 12% e, no Bradesco, de 13,8%.

Pesam, no caso do Banco do Brasil (BB), além dos créditos tributários decorrentes de diferenças temporais, que somavam R$ 18,614 bilhões em setembro de 2010, os ágios pagos pelas aquisições da Nossa Caixae de parte do capital do Banco Votorantime as compras de folhas de servidores. Ambos são considerados ativos intangíveis e serão excluídos total ou parcialmente da composição do capital.

Os recursos originados do superávit do Plano 1 de benefício definido da Previ, fundo de pensão do BB, e reconhecidos nos balanços do banco desde 2008, deixaram de ser o calcanhar-de-aquiles da instituição no que se refere a Basileia 3.

Um acordo firmado com as entidades representantes de funcionários e aposentados, no fim do ano passado, tornou irrestrito o acesso a essa fonte de capital, avaliada em R$ 7,5 bilhões – condição para que a soma entrasse no cálculo do capital de nível 1.

Os analistas da Itaú Corretora estimavam uma redução de 300 pontos-base no índice de capital de alta qualidade do banco caso isso não ocorresse. Ou seja, de 8,9% o índice passaria a 5,9%, abaixo do nível mínimo de 7%. O índice de Basileia total do BB hoje é de 14,21% (incluindo o aumento de capital feito em julho).

Assim como o BB, o Santander também carrega o ágio pago pela aquisição do ABN Amro, de R$ 26,3 bilhões. O banco de capital espanhol também paga mais dividendos aos acionistas do que os concorrentes – de 50% do lucro líquido pelo critério contábil internacional (IFRS), equivalente a 80% do padrão brasileiro. Num momento de aperto, a revisão dessa política poderia dar algum fôlego.

O cálculo feito pela equipe da Itaú Corretora é diferente da conta efetuada pelo Bradesco. O banco da Cidade de Deus foi um pouco além e considerou o índice mínimo de capital total, de 10,5%. Nos dois casos, ainda faltaria colocar na ponta do lápis o chamado colchão contracíclico, que pode variar de 0% a 2,5%. E, em cima disso, ainda virão outros dois índices: um de alavancagem, de 3%, e um de liquidez, a ser definido.

Fonte: Valor Econômico

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