“Talvez a grande diferença é que o privado olha para o consumidor e o público tem que olhar o cidadão. Essa é a diferença fundamental”, continuou Maria Rita, que também é coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas.
As reestatizações aconteceram em países centrais do capitalismo, como EUA e Alemanha. Isso ocorreu porque as empresas privadas priorizavam o lucro e os serviços eram ineficientes e caros, segundo o TNI.
“Por que a Alemanha tem 20% do controle acionário da Volkswagen? Por que a França tem 15% do controle acionário da Citroën e da Renault?”, questionou Rita. “Porque esses países têm noção da importância da soberania. Elas sabem que se não tiver alguma inserção nesse processo, as empresas simplesmente vão embora e o país perde empregos, perde qualidade de vida. Oitenta por cento do controle do petróleo é público. A saúde na Inglaterra é publica. Nós estamos na contramão do que o mundo está fazendo. O que a gente vive são grandes mentiras que, repetidas várias vezes, vão se tornando verdadeiras.”
Defesa dos bancos públicos
Maria Rita enfatizou a importância de discutir essas informações com a população e lembrou que, desde 2015, foram realizadas mais de 150 audiências públicas em câmaras municipais e assembleias legislativas pelo país para debater a importância dos bancos públicos.
“Temos de reproduzir esse debate com a população, temos de falar com empresários, com produtores rurais, sobre a importância dos bancos públicos e das empresas públicas.”
Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e bancária do Bradesco, reforçou. “É importante dizer para a população que sem os bancos públicos não tem saneamento básico, porque parte dos investimentos vem dos bancos públicos. Não tem financiamento da agricultura familiar, e o alimento vai chegar mais caro na mesa do trabalhador se for financiado pelos bancos privados. Desmontar a Caixa significa moradia mais cara, significa aumentar o déficit habitacional”, afirmou.
Ela também ressaltou que os bancos públicos estão enfrentando um processo intenso de sucateamento desde que o governo Temer tomou o poder, em 2016, política que continua no governo atual.
“Esse desmonte não é feito só vendendo a empresa ou vendendo uma subsidiária, é feito desmontando no dia a dia. Nos bancos públicos, desde o golpe, o governo Temer e agora com Bolsonaro já são mais de 20 mil trabalhadores desligados nos bancos públicos. É um desmonte de áreas e setores estratégicos.”
Calendário de lutas
Juvandia ressaltou que foi definido um calendário com uma série de ações, atividades e audiências públicas em todo o Brasil para debater a importância da defesa das empresas públicas. “Já fizemos muitas atividades e continuaremos fazendo. Temos audiências marcadas nos municípios, assembleias legislativas, nas câmaras de vereadores, no Brasil inteiro dialogando com a população sobre a importância dos bancos públicos na vida das pessoas.”