Bancos internacionais têm exposição de US$ 44 bilhões no Egito, o que dá uma ideia de quanto as instituições financeiras temem ser afetadas pela revolta no mais populoso país árabe.

Por sua vez, somente a fortuna da família do ainda presidente Hosni Mubarak superaria os US$ 40 bilhões, acumulada com parcerias de negócios com companhias estrangeiras, conforme especialistas citados pelo jornal britânico "The Guardian".

Dados do Banco Internacional de Compensações (BIS), espécie de banco dos bancos centrais, mostram que as instituições financeiras francesas tem a maior exposição no Egito, com US$ 17,1 bilhões, seguidos pelos britânicos com US$ 10,6 bilhões. Os bancos americanos tem US$ 5,1 bilhões.

Na Tunísia, do total de U$ 7,1 bilhões, a maior parte também é exposição de bancos franceses com US$ 5,4 bilhões. No Líbano, de US$ 4,4 bilhões de exposição estrangeira, os franceses lideram com US$ 1,6 bilhão.

Até agora, o custo econômico da crise que paralisou o país é estimada em US$ 3,1 bilhões, de acordo com Associated Press. A revolta das ruas na Tunísia e no Egito elevaram substancial o prêmio de risco sobre os ativos financeiros no Oriente Médio. A bolsa de valores egípcia caiu 21% nos dois dias antes de seu fechamento, na semana passada. O prêmio para seguros contra calotes dos títulos egípcios passou de 190 pontos-base para 430 pontos-base, no auge da revolta nas ruas do Cairo.

O impacto sobre os mercados financeiros globais até agora tem sido moderado. O preço do petróleo cresceu mais de 6%, superou a barreira psicológica dos US$ 100 pelo barril, diante do temor de interrupção o transito de mais de dois milhões de barris de petróleo por dia pelo canal de Suez.

Para bancos, se a instabilidade política no Egito persistir ou se propagar para outros países da região, o impacto político, econômico e financeiro global poderá ser profundo. Se o canal for fechado, os navios que transportam óleo do Oriente Médio para o Ocidente deverão fazer um desvio pelo cabo da Boa Esperança, dobrando o tempo no mar e elevando forçosamente o custo do barril. E isso alimentará a alta já forte no custo de alimentos e de energia.

Segundo "The Guardian", a fortuna do clã Mubarak varia entre US$ 40 bilhões e US$ 70 bilhões, comparado aos US$ 54 bilhões de Bill Gates, o homem mais rico dos EUA.

A riqueza seria repartida entre US$ 15 bilhões de Hosni Mubarak; US$ 1 bilhão de sua mulher, Suzanne; US$ 8 bilhões para o filho Alaa; e US$ 17 bilhões para o segundo filho, Gamal, que perdeu de vez as esperanças de substituir o pai no poder.

Em comparação, a fortuna do casal Ben Ali, na Tunísia, é estimada em "apenas" US$ 5 bilhões. Os Mubarak teriam propriedades nos EUA, Reino Unido, França, Suíça, Alemanha, Espanha e Dubai, além de participação em várias empresas na Europa e nos EUA.

Enquanto isso, 40% da população de 80 milhões de habitantes vive com menos de US$ 3 por dia.

 
Fonte:  Valor Econômico / Assis Moreira, de Genebra