(João Pessoa) Do jeitinho que a diretoria do Sindicato dos Bancários da Paraíba anunciou, foi um verdadeiro caos o atendimento nas agências do Banco do Brasil nos dois dias agendados para o pagamento dos servidores públicos: ontem (29) começou o pagamento dos servidores públicos estaduais e hoje (30) foi a vez dos servidores da Prefeitura Municipal de João Pessoa. E, como uma imagem vale mais que mil palavras, basta ver as fotos feitas nas agências do BB para se ter uma idéia do sufoco para clientes, usuários, servidores públicos e funcionários.
Pessoas sentadas quando e onde podiam, idosos e mulheres com crianças numa fila "preferencial" que não diferenciava em nada das demais, poucos funcionários e muita gente para receber atendimento. Esse foi o quadro que a equipe do Trocando em Miúdos fotografou no Banco do Brasil durante os dois primeiros dias do pagamento dos servidores públicos na Paraíba, apenas nas agências Praça 1817, Cabedelo, Varadouro, Mangabeira, Parque Solon de Lucena, Cruz das Armas e Treze de Maio. Em síntese, um caos total, conforme a diretoria do Sindicato dos Bancários havia anunciado e pedido providências à Superintendência Estadual do Banco do Brasil, inclusive na Mesa Redonda realizada no Ministério do Trabalho, recentemente.
No primeiro dia, tanto da parte do Banco do Brasil quanto do governo do Estado da Paraíba, as informações à sociedade eram de que havia um esquema preparado para atender a demanda de forma satisfatória. Aliás, em entrevista concedida à TV Paraíba, no Bom Dia Paraíba desta terça-feira, 29 de dezembro, o governador José Maranhão disse literalmente que "só um milagre evitaria o caos no atendimento aos servidores públicos estaduais neste pagamento". E essa afirmação, convenhamos, é forte demais para quem acabou de fechar um excelente negócio com o maior banco deste País, que viabilizou os recursos para o pagamento do 13° salário aos servidores públicos estaduais.
Se de um lado, a mídia em geral quando muito mostrou apenas a insatisfação dos servidores públicos, o Trocando em Miúdos foi ver de perto a insatisfação de clientes e usuários com a precariedade no atendimento dispensado pelo Banco do Brasil, enquanto diretores do Sindicato dos Bancários verificavam as condições de trabalho dos funcionários.
Um comerciante que não quis se identificar falou para nossa reportagem, às 13h30, de ontem (29/12) que estava na Ag. Cruz das Armas desde as 10h para pagar uma guia, no valor de R$ 4,00. Apesar do valor irrisório do tal documento, o tempo de espera já estava se prolongando e muito. E a passividade do nosso povo é tão grande, que uma senhora de idade avançada e doente, quando perguntada sobre a demora no atendimento da Agência Mangabeira, do BB, saiu-se com essa pérola: "e nós damos graças a Deus por estarmos aqui nessa fila demorada, enquanto outros não têm nem a nossa sorte de ter o que receber agora no final do ano". Isso é Brasil!
Os funcionários do BB, calados estavam e calados permaneceram durante a visita da diretoria do Sindicato dos Bancários. Pouquíssimos emitiram opinião sobre o sufoco que estavam vivenciando, até mesmo por conta de não disporem de tempo para conversar, devido à quantidade de servidores do Estado e da Prefeitura esperando atendimento.
Francisco de Assis "Chicão", funcionário do Banco do Brasil, diretor do Sindicato dos Bancários e conselheiro fiscal da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) se disse muito preocupado com a situação do funcionalismo do Banco, devido a uma pressão muito grande por conta da defasagem no quadro funcional em todas as unidades da instituição financeira pública. "A falta de funcionários no BB é um problema de âmbito nacional. Só que aqui na Paraíba, com a absorção da folha de pagamentos do Estado, a situação ficou insustentável. Se o número de contas correntes no BB praticamente duplicou para o mesmo número de funcionários em todo o País, imagine a situação dos bancário do BB na Paraíba, que receberam de presente 100 mil novas contas oriundas da venda da folha de pagamentos do Estado", ressalta.
Para o dirigente sindical, cumpre à Entidade representativa da categoria exigir uma fiscalização rigorosa do Ministério do Trabalho e continuar buscando soluções para a melhoria das condições de trabalho nas agências, seja pela via negocial, jurídica ou política. "Desde o início da absorção das contas do governo da Paraíba, o BB disponibilizou 37 funcionários de outros Estados para ajudar na implantação do pagamento dos servidores públicos estaduais; só que essa ‘adição’ termina neste dia 30 de dezembro e o Banco não sinalizou se vai permanecer ou não com o apoio desse pessoal, o que é lamentável", concluiu Chicão.
Fonte: SEEB – PB / Otávio Ivson